07/11/2012
Laurence Bittencourt (1)
Não há como negar que o romance moderno teve inicio com Miguel de Cervantes e o seu clássico “Dom Quixote de La Mancha”. O livro lançado em 1605 reflete toda uma mudança que estava ocorrendo no mundo ocidental com a entrada em cena da chamada Idade Moderna e toda revolução tecnológica e cientifica.
O livro entre outras coisas retrata a luta de um fidalgo (Dom Quixote) que perde a razão e dá inicio a uma série de aventuras na companhia de Sancho Pança, fiel amigo e escudeiro que diante das mudanças vislumbradas tem uma visão mais realista do mundo.
O livro não ganhou muita notoriedade no momento do lançamento entre os críticos, mas caiu na graça e no gosto popular. No entanto, o tempo, senhor da razão, terminou mostrando que o livro tinha uma qualidade insuspeita e galvanizou para si toda a importância que merecia ter.
Entre as grandes marcas do romance, em que pese parecer contestar e fazer frente aos chamados, na época, romances de cavalaria, o livro traz a paisagem melancólica com o personagem central se depara com as mudanças ocorridas no mundo.
Como muito já se disse o romance retrata com maestria fina a oposição entre passado e presente, real e ideal, valores mortos e valores ascendentes.
O livro também provoca no leitor um efeito moralizante em algumas passagens e principalmente um efeito humorístico. São muitos os escritores modernos que se disseram em divida com Miguel de Cervantes e sua maneira de escrever o romance moderno. Entre eles podemos citar Flaubert, Dostoievski, James Joyce e Jorge Luis Borges. Vale a pena mergulhar nessa aventura seiscentista que ainda hoje tem a dizer muito para todos nós 307 anos depois do seu primeiro lançamento.
(1) Jornalista. laurenceleite@bol.com.br
(2) Fotomontagem: Página frontal da primmeira edição de Don Quixote.
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