Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa -
6.12.2012
| 12h00m
Minha primeira reação foi: vou interromper a Semana Oscar Niemeyer lá no Blog do Noblat. Não é bem o momento de continuar com meus textos amadores sobre o reinventor da Arquitetura. Vou ficar quietinha.
Durou dois minutos.
A vida é um sopro, ele disse. É verdade. Mas o sopro de Niemeyer foi tão intenso que varreu o Brasil e o resto do mundo.
Há os momentos de rir e os de chorar, não é? Vida é isso. Então vamos lá.
Numa de suas entrevistas ele contou que sua mãe comentava que ele, quando muito pequenino, desenhava com os dedos no ar. No que recebeu um lápis, nunca mais parou de desenhar.
Fundamental para a obra de Niemeyer e sua paixão pela plasticidade do concreto armado foram dois engenheiros calculistas. De um já falei aqui, o poeta pernambucano Joaquim Cardozo (1897-1978), seu parceiro no MEC, na Pampulha, em Brasília.
E agora falo de José Carlos Sussekind, parceiro na arquitetura e na literatura: o livroConversa de Amigos, a coletânea de cartas trocadas entre os dois de março de 2001 até o início de 2002, nas quais falam de tudo, arquitetura, engenharia, literatura, filosofia, atualidade política, vida. Sussekind possibilitou que o traço de Niemeyer virasse realidade. E disse uma coisa maravilhosa: que assim como Mozart sentava ao piano e a música saia pronta, Niemeyer ficava parado, pensando e ao pegar lápis e papel o projeto já saia pronto.
Curiosamente, a estupidez da perseguição política aqui foi o que possibilitou as obras fantásticas que ele criou lá fora. Se não fosse o espírito tacanho dos milicos, quem sabe ele, apaixonado pelo Brasil, não tivesse provocado e aceitado tantos projetos no exterior?
Mas veio abril de 64. Oscar Niemeyer estava em Lisboa a caminho de Israel para onde ia a trabalho e lá continuou um tempo. Quando voltou viu que não poderia trabalhar sossegado aqui e resolveu aumentar o número de projetos no exterior. De sua biografia falarão quase todos os jornais e revistas do mundo, eu quero aqui falar do que ele nos deixou e como sempre, confesso, escolho o que mais gosto:
Sede do Partido Comunista Francês, Paris
sala das reuniões plenárias do PC francês
auditório da universidade Constantine em Argel
traço de Niemeyer para o auditório da foto acima
Espaço Oscar Niemeyer – Le Havre, Normandia, França
Editora Mondadori, Milão, Itália
Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein. Oscar Niemeyer
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