20/12/2012
Giulio Sanmartini
O Partido dos Trabalhadores faz água e está adernando de forma irreversível. Ao contrário do que acontece nos navios, neste dos insensatos petistas, os primeiros a abandá-lo foram os homens de bem, deixando a embarcação à mercê de ratazanas insaciáveis.
Um dos últimos a sair, foi Mino Carta, que até poucos anos jactava-se de ter sido ele o elemento a propiciar que Luiz Inácio Lula da Silva, fosse eleito presidente na primeira vez.
Escreve ele no artigo “A traição do PT” (1/12/2012). Assisti ao nascimento do Partido dos Trabalhadores ainda à sombra da ditadura. Vinha de uma idéia de Luiz Inácio da Silva, dito Lula, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (…)
Era o PT uma agremiação de nítida ideologia esquerdista. O tempo sugeriu retoques à plataforma inicial e a perspectiva do poder, enfim ao alcance, propôs cautelas e resguardos plausíveis.(…)
O PT atual perdeu a linha, no sentido mais amplo. Demoliu seu passado honrado. Abandonou-se ao vírus da corrupção”.
O jurista Hélio Bicudo, fundador do PT, disse ao ser perguntado numa entrevista à revista Veja, se era possível que Lula não soubesse do mensalão: “É impossível que ele não soubesse como os fundos estavam sendo angariados e gastos e quem era o responsável. Não é porque o sujeito é candidato a presidente que não precisa saber de dinheiro. Pelo contrário. É aí que começa a corrupção. (…)Ele é mestre em esconder a sujeira embaixo do tapete. Sempre agiu dessa forma.(…) Em 1997, presidi uma comissão de sindicância do PT para apurar denúncias contra o empresário Roberto Teixeira, que estava usando o nome de Lula para obter contratos de prefeituras em São Paulo. A responsabilidade dele ficou claríssima. Foi pedida a instalação de uma comissão de ética, e isso foi deixado de lado por determinação de Lula, porque o Roberto Teixeira é compadre dele. O único punido foi o Paulo de Tarso Venceslau, autor da denúncia”.
Sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, Bicudo foi ainda mais contundente: “A história de Santo André ainda não está clara. Houve uma intervenção do próprio partido para caracterizar o crime como crime comum, do que eu discordo. Houve a eliminação do Celso, ou porque ele não concordava com a corrupção ou porque ele quis interromper o processo num determinado ponto”.
Ex- senadora Heloisa Helena, expulsa de forma autoritária do partido, hoje vereadora em Maceió pelo PSOL: “O PT tem todo o direito de continuar existindo juridicamente, mas o partido que eu ajudei a construir já morreu. E só participo de debates sobre ressurreição e reencarnação no âmbito religioso.”
Deputado federal Fernando Gabeira ex-PT, hoje no PV-RJ. “Diante das denúncias, os petistas optaram por uma saída jurídica, em detrimento de uma explicação política. Isso só é possível para quem já decidiu abandonar a vida pública. Esse comportamento reduziu as chances de sobrevivência do PT.”
Ex-deputado federal pelo PT- RJ, Antonio Carlos Biscaia. “O PT foi atingido de forma irremediável. Do ponto de vista do patrimônio da lisura e da ética, acabou jogado na vala comum. E essa situação é irrecuperável.
Senador PT-DF, Cristovam Buarque: “O PT levará, no mínimo, dez anos para se recuperar. Nos anos 90, elegeu a ética como razão de existir, mas a ética deve ser intrínseca ao partido, e não uma causa.
Paulo de Tarso Venceslau expulso do PT em 1997: “O PT errou: afastou a militância, pôs burocratas no governo e se entregou às vontades de Lula. E que vontades eram essas? Apenas a do poder pelo poder. Agora acabou. O castelo de areia ruiu.”
Deputado federal Paulo Delgado (PT-MG): “O PT cometeu o pecado original. Comemos a maçã proibida, o fruto da ambição. Foram muitas mentiras. E o pior é que o PT só está querendo achar culpados individuais. Não quer assumir o grande equívoco que cometeu com a nação.”
Ex-dirigente petista César Benjamim: “Lula sempre compartilhou da intimidade do grupo e foi o principal beneficiário de suas ações. Garante, porém, que nada sabia. Respeito quem acredita nisso, assim como respeito quem acredita em duendes.”
Como se pode ver, alguns deixaram o barco principal, e estão nos botes salva vida do partido, mas com certeza, não acreditam mais no partido que ia “mudar tudo isso que está aí”.
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