Frustrado com a derrota na CPI do caso Cachoeira, o relator Odair Cunha (PT-MG) concedeu entrevista exclusiva ao 247 e disse que "venceu a impunidade". Segundo ele, pressões de um "triângulo poderoso" impediram que o relatório fosse aprovado nesta terça-feira
19 DE DEZEMBRO DE 2012 ÀS 00:48
BRASIL 247
247 - O relator da CPI do caso Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), viu desmoronar o trabalho intenso dos últimos seis meses. Seu relatório, de 5,3 mil páginas, foi rejeitado pela comissão, com votos de vários partidos da base aliada, como PP, PR e, principalmente, PMDB. "Venceu a impunidade", disse ele ao 247. "Fui derrotado pelo triângulo formado pelos interesses do bicheiro Carlos Cachoeira, do empreiteiro Fernando Cavendish e do governador Marconi Perillo".
Segundo Odair, este "triângulo poderoso" teria articulado a derrubada do relatório no Congresso. E a CPI chega ao fim sem atingir seu objetivo, que era provocar, segundo o próprio relator, o indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo. "Havia todos os elementos para isso", afirma. "Houve financiamento de campanha, por meio da Delta, e a nomeação de pessoas estratégicas num governo importante do PSDB pelo esquema do Cachoeira".
Odair sabe que perdeu a batalha, mesmo tendo retirado de seu relatório dois pontos polêmicos: o indiciamento de jornalistas, especialmente de Policarpo Júnior, editor de Veja em Brasília, e a sugestão para que se investigasse a conduta do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Algum arrependimento por ter retirado esses pontos? "Se eu soubesse que o relatório não seria aprovado, talvez não mexesse", diz ele. "Mas o objetivo nunca foi fazer um relatório para marcar posição e sim algo que representasse o pensamento médio da comissão, para que fosse aprovado".
Apesar desse recuo tático, Odair não conseguiu convencer a maioria da comissão, sendo derrotado na votação por 18 a 16. Um final "lamentável", segundo ele. A CPI, na sua visão, também traz lições para o PT, que não estaria conseguindo se articular no Congresso de forma compatível com sua força eleitoral. "Dos partidos da base, votaram conosco apenas PC do B e PSB", afirma.
Em nota, o governador de Goiás, Marconi Perillo, comemorou o resultado. "Vejo este assunto como página virada e perdoo os que maldosamente tentaram macular minha biografia de cidadão e homem público", afirmou. "Tive investigados minha vida pessoal e meus três mandatos de governador, não conseguiram apontar um único fato que pudesse incriminar a mim ou a meu governo."
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