terça-feira, 27 de novembro de 2012

Poema XXXIV - Hilda Hilst



Tão escuramente caminha 
À beira-lágrima 
Dentro do meu ser
Que já não sei 
De onde me veio ou vinha 
Vontade minha de te conhecer.
Hoje tão escuramente 
Passeias, tardas, te arrastas 
Num vasto alheamento 
Dentro do meu ser
Que já não sei 
Se te pensar foi gesto 
Para inda mais ferir 
Minha própria mágoa.
Por que, pergunto, estando viva 
Devo eu morrer? 
Por que, se és morte, 
Deves me perseguir?
Aquieta-te, afunda-te 
Morre, pequenina, 
Escuramente 
Dentro do meu sofrer.

Hilda de Almeida Prado Hilst (Jaú, 21 de abril de 1930 - Campinas 4 de fevereiro de 2004) - Foi poeta, ficcionista e dramaturga. Considerada uma das mais completas personalidades literárias do Brasil. Formou-se na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e começou, ainda estudante, a escrever poesia, passando mais tarde para o teatro e a ficcção. Recebeu os mais importantes prêmios líterários do Brasil, entre eles o Jabuti, Cassiano Ricardo e o Prêmio Moinho Santista.

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