Tão escuramente caminha
À beira-lágrima
Dentro do meu ser
À beira-lágrima
Dentro do meu ser
Que já não sei
De onde me veio ou vinha
Vontade minha de te conhecer.
De onde me veio ou vinha
Vontade minha de te conhecer.
Hoje tão escuramente
Passeias, tardas, te arrastas
Num vasto alheamento
Dentro do meu ser
Passeias, tardas, te arrastas
Num vasto alheamento
Dentro do meu ser
Que já não sei
Se te pensar foi gesto
Para inda mais ferir
Minha própria mágoa.
Se te pensar foi gesto
Para inda mais ferir
Minha própria mágoa.
Por que, pergunto, estando viva
Devo eu morrer?
Por que, se és morte,
Deves me perseguir?
Devo eu morrer?
Por que, se és morte,
Deves me perseguir?
Aquieta-te, afunda-te
Morre, pequenina,
Escuramente
Dentro do meu sofrer.
Morre, pequenina,
Escuramente
Dentro do meu sofrer.
Hilda de Almeida Prado Hilst (Jaú, 21 de abril de 1930 - Campinas 4 de fevereiro de 2004) - Foi poeta, ficcionista e dramaturga. Considerada uma das mais completas personalidades literárias do Brasil. Formou-se na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e começou, ainda estudante, a escrever poesia, passando mais tarde para o teatro e a ficcção. Recebeu os mais importantes prêmios líterários do Brasil, entre eles o Jabuti, Cassiano Ricardo e o Prêmio Moinho Santista.
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