A professora, escritora e poeta mineira Adélia Luzia Prado de Freitas, no poema “Exausto”, fala sobre a morte, conforme expressa sua vontade de descanso absoluto. O modo como a autora coloca as palavras dá a entender que o tal sono trata-se da morte. Além disso, Adélia Prado se utiliza de verbos que não dão ideia de movimento, como dormir, descansar e sonhar, reforçando a ideia de morte.
Também podemos notar que, existe uma comparação da vida com uma planta. Talvez a citação da planta aconteça pelo fato que a vivência de uma permanece em plena quietude, que é o que a morte nos oferece. Todavia, traduzindo seu conteúdo para uma coisa mais humana, ou seja, trata-se da vontade de Adélia Prado de voltar ao início de tudo, da vida, quando era uma “semente” no ventre de sua mãe. A retratação de ambos é capaz de ser nada mais que uma sátira, atentando-se ao fato de que nossa vida acaba debaixo da terra, quando a de uma planta começa debaixo dela.
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Exausto
Adélia Prado
Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.
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