sábado, 10 de novembro de 2012

Cuba liberta Yoani, mas ainda detém dois ativistas




Prisões de curta duração têm sido nova estratégia dos Castro



A ativista cubana Yoani Sánchez durante a inauguração do Clic festival, em junho, em Havana
Foto: AFP/ADALBERTO ROQUE
A ativista cubana Yoani Sánchez durante a inauguração do Clic festival, em junho, em HavanaAFP/ADALBERTO ROQUE
RIO — Ao menos dois dos 27 dissidentes cubanos detidos entre quarta-feira e quinta-feira continuavam presos nesta sexta-feira, segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN). A blogueira Yoani Sánchez e o psicólogo Guillermo “Coco” Fariñas, que também haviam sido levados pela polícia, foram libertados. Essas prisões de curta duração têm sido a nova estratégia do regime castrista para desencorajar a oposição, acusam os ativistas. De janeiro a outubro, 5.625 pessoas foram detidas, 36% a mais do que em todo o ano passado, segundo dados da comissão.
Yoani acaba de ser apontada como vice-presidente regional por Cuba de uma comissão da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Ela agradeceu dizendo já ter vivido na própria carne as limitações à liberdade de expressão.
Yaremis Flores, que presta serviços gratuitos de advocacia, e Antonio Rodiles, gestor da campanha “Por Outra Cuba” - que pede a adesão do governo cubano a tratados internacionais de direitos humanos e civis -,estavam entre as 11 pessoas detidas na quarta-feira em Havana. Até ontem eles não haviam sido soltos, segundo ativistas. Elizardo Sánchez, da CCDHRN, afirmou ainda estar buscando informações sobre outros dois casos, o que elevaria para quatro o número de não libertados.
As outras 17 detenções ocorreram na quinta-feira, quando um grupo de ativistas buscava informações sobre Yaremis.
Os dissidentes também foram agredidos, afirma Berta Soler, porta-voz do grupo dissidente Damas de Branco. Ontem, Yoani divulgou um vídeo em que um policial agride o escritor Ángel Santisteban ao colocá-lo numa viatura.
- Tem havido um recrudescimento da violência e da intolerância - diz Berta.
A Frente Antitotalitario Unido, da qual Fariñas faz parte, disse em texto publicado em seu site que o governo pode estar buscando desencorajar manifestações contra o regime em razão dos estragos causados pelo furacão Sandy. Ao menos 11 pessoas morreram na passagem da tormenta pela ilha, no mês passado.
O número de prisões consideradas arbitrárias pelos opositores disparou nos últimos três anos. De 2.074 em 2010, chegou a 4.123 no ano passado — quase o dobro. Só em outubro deste ano, foram 502, segundo os dados compilados pela CCDHRN.
Mais por menos tempo
O governo costuma justifica as prisões acusando os dissidentes de “desordem pública”. Yoani, por exemplo, foi presa anteontem por “escândalo público e indisciplina social em frente a uma unidade de polícia”, de acordo com o blogueiro oficialista Yohandry Fontana.
- O objetivo é desgastar (a oposição). É uma tática inteligente porque o movimento dissidente, os familiares, se cansam com tantas prisões. Tivemos algumas deserções, não muitas - diz Sánchez.
Em geral, as detenções duram pouco tempo. O governo tem evitado condenações longas, por atraírem maior atenção e rechaço internacionais. Atualmente, há 67 dissidentes condenados e presos, segundo a oposição. O regime afirma não ter nenhum preso político.
Enquanto isso, Raúl Castro continua a reformar a economia. O governo anunciou que funcionários de restaurantes poderão se tornar donos dos estabelecimentos onde trabalham. No mês passado, Raúl já havia ampliado estímulos à iniciativa privada no campo.

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