Bullying e cyber bullying para muitos são só termos da moda, mas fatalidades como a de Amanda Toddcontinuam trazendo a discussão à tona aqui no Canadá.
Na última semana, a Alberta School Board Association (ASBA) – o conselho educacional da província de Alberta – ganhou as manchetes dos jornais do país depois de uma declaração controversa do administrador Dale Schaffrick. Ao comentar a derrota na aprovação de um programa educacional que visava facilitar a vida escolar de alunos homo, bi ou transexuais, Schaffrick se transformou no maiorbully do país.
“Alunos homo, bi ou transexuais deveriam se comportar e vestir de uma forma que não pudessem ser identificados,” disse Schaffrick.
Num país onde o termo politicamente correto faz parte não só do comportamento social, mas está enraizado na constituição do país, a declaração do administrador provocou uma reação em cadeia.
A ASBA foi a primeira a se distanciar do assunto. Ao defender um dos seus funcionários, colocando a declaração em contexto, a presidente da ASBA criticou a posição do funcionário dizendo que declarações como essa desviam a atenção pública do problema que precisa ser sanado.
O Ministro de Educação Jeff Johnson colocou lenha na fogueira declarando que, como pai, ele não espera que seus filhos se preocupem com a forma de se vestir ou se comportar de seus colegas.
O desenrolar da história se agravou com a enxurrada de emails e comentários recebidos por Schaffrick depois que a declaração veio a público.
Com apoio moral limitado da ASBA e centenas de ações nas mídias sociais, Schaffrick decidiu vir à público numa tentativa de acalmar a opinião pública e recuperar a paz de espírito.
Segundo Schaffrick, a declaração foi tirada de seu contexto original e a opinião expressa não traduz a posição da ASBA. Ao admitir sua culpa, Schaffrick tentou reestabelecer a ordem do politicamente correto tão típica da sociedade canadense.
A discussão gerada por Schaffrick fez emergir um problema mais profundo na sociedade de Alberta e canadense em geral. O comportamento politicamente correto mantém as opiniões de muitos restritas à vida pessoal, o que não impede que os preconceitos aprendidos “dentro de casa” se espalhem pelos corredores das escolas do país.
Foto: Marco Mazzei (Flickr)
Veronica Heringer é jornalista formada pela PUC-Rio, estrategista em marketing digital e mestranda em Media Production pela Ryerson University. Atualmente desenvolve pesquisa em audiência e mídias digitais e escreve o blog Madame Heringer.com de Toronto. Estará aqui todos os domingos.
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