Não há perigo de melhorar, confirma a escolha de Renan Calheiros para substituir José Sarney na presidência do Senado. Depois de quatro anos sob o comando de Madre Superiora, a Casa do Espanto será gerenciada pelo líder da bancada do cangaço. É mais que a troca de seis por meia dúzia. É outra prova contundente de que, no Brasil que Lula reinventou e Dilma Rousseff vem aperfeiçoando, o que está péssimo sempre pode piorar.
Em dezembro de 2007, afundado até o pescoço no pântano das maracutaias, Renan renunciou à presidência do Senado em troca da preservação do mandato e, sobretudo, das imunidades parlamentares. Escapou da cassação, livrou-se da cadeia e, passados cinco anos, vai recuperar o cargo graças aos bons serviços prestados ao Palácio do Planalto (e aos dossiês que juntam casos de polícia protagonizados pelos colegas).
Como demonstra o post republicado na seção Vale Reprise, a Casa do Espanto será presidida por mais um prontuário. Como registra ocomentário de 1 minuto para o site de VEJA, a reincidência tem o aval do PT, o endosso da base alugada e o apoio militante da presidente Dilma Rousseff. Em fevereiro, ela certamente estará ao lado do eleito na cerimônia de posse.
O figurino será parecido com o exibido na solenidade que oficializou a substituição de Ayres Britto por Joaquim Barbosa na presidência do Supremo Tribunal Federal. Os trajes de Dilma parecem sempre o mesmo. O que muda é a cara. Forçada pelas circunstâncias a participar de um festa protagonizada pelo relator do julgamento do mensalão, a chefe de governo apareceu com a carranca de tia rabugenta. Foi uma manifestação fisionômica de solidariedade aos companheiros condenados pelo STF.
Dilma só premiou com um beijinho em cada face e o sorriso possível o revisor Ricardo Lewandowski, agora vice-presidente do Supremo e sempre ministro da defesa dos mensaleiros. Renan Calheiros certamente terá direito a tratamento idêntico. A campeã brasileira de mau humor até consegue ser gentil com bandidos de estimação instalados em cargos importantes.
A subserviência do Senado, prorrogada por mais dois anos, merece um sorriso de aeromoça e dois beijinhos regimentais.
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