“Você já se perguntou por quê seu vibrador cheira a cortina de chuveiro após o uso?”
Mas que diabos foi essa pergunta? Bem, tudo começou quando estava fazendo uma pesquisa (em alemão) na Internet sobre sopradores de folhas, umas máquinas que parecem serras elétricas, mas servem para soprar folhas nas ruas e calçadas para facilitar o trabalho dos garis no outono. Foi aí que deparei com a pergunta supracitada em um resultado de busca no Google deveras pitoresco:
“Other Nature: seu sex shop vegano”
Antes que os meus cookies me entreguem, não, eu não estava procurando por pornografia - pelo menos não nesse dia. O resultado simplesmente apareceu como um intruso no meio da busca. E pensei: meus cookies devem estar mesmo bem equiparados aos dos alemães, sempre muito interessados nas tendências ecológicas.
Acontece que em outubro o sex shop Other Nature, em Berlim, comemorou um ano de sua inauguração.
Primeiramente, achei muito curiosa a existência de um sex shop especificamente orgânico. Mas depois pus-me a pensar: em que outra área da sua vida, além, obviamente, da alimentação, você aderiria aos produtos orgânicos pelo bem da sua saúde? Sexo, claro! Quer uma área mais intrínseca para estrear sua vida bio?
Trata-se também de um sex shop feminista, alternativo e sustentável. É assim que Anne Schindler e Sara Rodenhizer descrevem o negócio que, desde sua estreia, tem tido boa receptividade em Berlim. Militantes do sexo democrático, livre, sem preconceitos e tabus, as duas se conheceram em um coletivo feminista e se uniram há pouco mais de um ano para abrirem o negócio de suas vidas.
“Other Nature” tem sido noticiado na mídia como o “primeiro sex shop vegano da Alemanha”, ou seja, são vendidos apenas produtos que não contenham susbtâncias de origem animal. Artigos com ftalato, componente tóxico bem comum responsável por deixar o plástico mais maleável, também são proibidos.
O sex shop ambém é voltado ao público GLS, oferece aconselhamento e workshops que ensinam o sujeito a fazer seu próprio brinquedinho DIY. Com este currículo social, as meninas não gostaram nem um pouco da abordagem sensacionalista na mídia alemã, que tachou o negócio de “sex shop vegano” em manchetes tais como “como é o sexo vegano?”.
“Mas se chama atenção, tudo bem né?”, diz Anne, que em entrevistas gosta de ressaltar o lado militante e feminista do shop.
Desculpa aí, o meu approach de hoje também foi sensacionalista, Anne.
Para quem quiser saber mais sobre o bio sex shop, é só visitar o site da loja.
Tamine Maklouf é jornalista e ilustradora nas horas vagas. Mora na Alemanha desde agosto de 2009, onde se encontra na “ponte terrestre” Dresden-Berlim. De lá, mantém o blog www.diekarambolage.wordpress.com
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