quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A GUERRA “SANTA”



Davi Castiel Menda *
     Em 1923, a Grã-Bretanha dividiu a área sob sua jurisdição no Oriente Médio, em dois distritos, separados pelo rio Jordão. Aos judeus caberia apenas a zona costeira, a oeste do rio (cerca de 25% da área); os árabes rejeitaram a divisão. Em 1947 a Grã-Bretanha entregou a resolução do problema às Nações Unidas e, a Assembleia Geral, determinou a partilha da Palestina, os 25% em disputa, entre um Estado Judeu e outro Estado Árabe, baseado na concentração das populações, através da resolução 181. A 14 de Maio desse ano, os israelenses declararam a constituição do Estado de Israel.
     Tudo poderia ter se encerrado por aí, se os palestinos, a exemplo dos judeus, também tivessem criado seu estado, legitimado pela ONU. Entretanto, grupos radicais extremistas, não se contentando com a divisão, e fascinados pelo canto da sereia de um general egípcio, Gamal Abdel Nasser (que mais tarde, entre 1954 e 1970, seria o presidente de seu país), partiram para o tudo ou nada. O objetivo, na percepção dos insatisfeitos, indicava uma forma unilateral de solução: “por que aceitar 50% se podemos ficar com tudo”. Animados pela ideia, Egito, Jordânia, Síria, Líbano, Arábia Saudita, Iraque e Iémen declararam guerra ao estado de Israel. Nos 19 meses seguintes, na chamada Guerra da Independência, Israel perdeu cerca de 1% da sua população, mas saiu vencedor, formando um país maior que o inicialmente proposto pelas Nações Unidas dois anos antes.
     Em 1967, Egito, Jordânia e Síria mobilizaram seus exércitos, mais uma vez com vistas à destruição de Israel, naquela que ficaria conhecida como a Guerra dos Seis Dias. Israel derrotou os três exércitos em outras tantas frentes (novamente Nasser foi o instigador e o grande perdedor), ocupando a península do Sinai no Egito, as Colinas de Golan na Síria e a Cisjordânia na Jordânia, incluindo o controle total sobre Jerusalém.
     Presentemente, uma disputa que seria territorial, transformou-se numa guerra “santa” para grupos ligados ao terrorismo, que desejam ardentemente a destruição pura e simples do estado de Israel, mesmo que, para o Hamas - que transformou Gaza, após a saída de Israel daquela região, num QG terrorista - isso implique no sacrifício covarde de suas crianças e mulheres, que servem de escudo para suas atividades terroristas e belicistas. Sim, pois o Hamas, e outras organizações paralelas, se utilizam de casas, escolas e hospitais para o envio de mísseis contra civis israelenses, e se escondem atrás de civis palestinos. É um duplo crime de guerra; é um gesto de dupla covardia. Mesmo que parte da imprensa mundial tente justificar esse ato de ódio, nunca é demais lembrar que, aqueles que incitam essa guerra - toda infra estrutura terrorista sediada na Faixa de Gaza, Síria e Irã - estão voltados para a morte, enquanto que os judeus, desde a mais tenra idade, são orientados e educados para a vida. Aliás, a grande arma do terrorismo sempre foi dar pouco valor à vida que, segundo o Velho Testamento, é o bem mais sagrado do Homem.
     Se não fosse trágico, seriam risíveis as alegações desses grupos envolvidos no processo, culpando Israel pela situação, quando a imprensa mundial (mesmo aquela comprometida com os petrodólares) informa continuamente o lançamento diário de dezenas de foguetes  contra a população israelense. No momento em que Israel, cirurgicamente, elimina um dos líderes que provocavam essa situação, é acusado de iniciar uma guerra, como se mísseis fossem joguetes de crianças, sem perigo algum.
     Mas é de se perguntar, qual o motivo disso tudo, dessa estúpida guerra “santa” alimentada pelo terrorismo contra Israel. Se analisarmos a situação pelo universo dos números, há um paradoxismo assustador.
   1. Religião: queiram ou não, os inimigos de Israel estão intimamente – e, lamentavelmente, por ser uma crença monoteísta - ligados à religião muçulmana. Existem atualmente no mundo, um bilhão e seiscentos milhões de muçulmanos, e é uma religião/população que vem num crescendo muito além da média. Em 44 países do mundo, a maioria da população (acima de 50%) é de muçulmanos. Em contrapartida, apenas um país tem maioria judaica: Israel. E, a soma de judeus no mundo inteiro, atinge um universo de apenas 13 milhões. Ou seja, para cada judeu, há 123 muçulmanos. Se o motivo é religioso, é totalmente pífio. Eliminar o judaísmo, não alteraria nada no cenário mundial muçulmano. E, diga-se a bem da verdade: você jamais, em lugar algum do mundo, verá um judeu ou um rabino tentando converter alguém ao judaísmo. Jamais!
     2. Extensão territorial: Israel é um dos menores estados do mundo, com apenas 22.145 km2. Os países que o cercam, Arábia Saudita, Egito, Irã, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano e Síria, tem uma área exata de 5.541.392 km2, ou seja, um somatório 250 vezes maior que o estado israelense. A destruição de Israel resolveria alguma coisa? Claro que não, pelo contrário, várias etnias não israelenses dependem e vivem (e muito bem, por sinal!) de Israel, da sua tecnologia, principalmente com relação ao fornecimento de água, este um capítulo a parte e um dos grandes empecilhos do lado palestino de efetivamente criar sua pátria.
   3. Petróleo: a Arábia Saudita tem reservas de 264 bilhões de barris, o Irã 138, o Iraque 115, o Kuwait 102, os Emirados Árabes 98. Somando tudo isto, chegaremos ao expressivo valor de 717 bilhões de barris de reservas petrolíferas. E Israel? A dependência externa de Israel em relação ao petróleo é de 100% e ao gás natural 70%, em meio a vizinhos no mínimo pouco dispostos a ajudá-lo, fato que se constitui num obstáculo logístico pra lá de complicado. Fica evidenciado que o motivo não é o petróleo.
     Concluindo, qual a verdadeira razão da destruição de Israel? Na triste hipótese de uma guerra «santa», o mundo que se prepare, pois para os seus promotores, todos aqueles que não professam sua crença, são infiéis. Israel seria apenas o balão de ensaio. Depois...

(*) 69 anos, editor da revista El Djudió de Porto Alegre-RS, reside em Gravataí-RS

Nenhum comentário:

Postar um comentário