A detecção da presença de células operacionais dessa organização terrorista no continente desencadeou um alerta entre os serviços de inteligência da região pela possibilidade de que seja alvo de sua ação nos próximos dias. O analista internacional Horacio Calderón havia adiantado essa possibilidade na segunda-feira via Radio Jai e Angel Schindel, vice-presidente de DAIA, afirmou que "devemos nos preocupar mas não nos alarmar".
Os órgãos de inteligência de vários Estados latino-americanos se encontram no estado de alerta. Um alerta que, no momento, se mantém em segundo plano, mas que tem sido reforçadodiante da chegada de relatórios complementares de fontes de alto nível no Oriente Médio que confirmam a chegada ao continente de grupos operacionais do Hezbollah com o objetivo de realizar um atentado terrorista.
Os serviços dos países em questão estão monitorando detalhadamente a situação e atualizando planos de contingência diante da ameaça iminente por parte desses grupos, cuja presença na região vem sendo destacada há muito tempo.
Já em junho do ano passado, membros da Câmara de Representantes dos Estados Unidos denunciaram a presença de terroristas do movimento libanês na Tríplice Fronteira de Argentina, Brasil e Paraguai, e na Venezuela. Nessa ocasião, o representante republicano Patrick Meehan, chefe da subcomissão contra o terrorismo da Comissão de Segurança Nacional, disse que o Hezbollah "tem uma vasta rede na região" e que isso gerava um risco para a segurança norte-americana.
Há muito tempo que o continente oferece vários atrativos para os propósitos subversivos do regime iraniano e de suas organizações afins, o Hezbollah em particular, que escolheram como plataforma para a desestabilização e da qual procuram atacar os interesses estado-unidenses.
Um documento publicado no ano passado pela revista Foreign Policy, "A crescente ameaça iraniana na América Latina", sustenta que "nos últimos anos, o Hezbollah e os seus patronos no Irã expandiram enormemente suas operações na América Latina em detrimento da segurança interna americana e dos interesses estratégicos dos Estados Unidos".
O caráter dessas atividades vai desde a exportação da Revolução Islâmica às ações puramente desestabilizantes, mediante o terrorismo e o crime, passando pelo estabelecimento de filiais.
Os autores do relatório, Roger Noriega e José Cárdenas, afirmam que "hoje o Hezbollah utiliza o hemisfério ocidental como base de operações e de arrecadação de fundos" e que "Hugo Chávez na Venezuela e outros governos antiestado-unidenses da região facilitaram essa expansão ao abrirem os braços" a essa organização libanesa terrorista e ao seu patrocinador, o regime iraniano.
O objetivo desse avanço é compensar o isolamento internacional no qual se encontra Teerã, fruto de sua política nuclear de finalidade militar, além de minar a influência de Washington na região.
Para isso, foi orquestrada uma ofensiva diplomática e econômica que rendeu seus frutos especialmente na Venezuela, graças à afinidade ideológica de seu caudilho Hugo Chávez com a autocracia iraniana.
O Hezbollah envia ativistas à América Latina desde os anos 80. O primeiro destino foi a região conhecida como a Tríplice Fronteira - entre Brasil, Argentina e Paraguai -, uma zona sem lei que propicia o florescimento de atividades como a arrecadação e a lavagem de fundos, e a falsificação de dinheiro e outros documentos, o recrutamento de colaboradores e também o planejamento de atentados.
"O proselitismo resultante - diz o informe citado anteriormente - derivou da criação de numerosas células do Hezbollah, estima-se que com 460 membros, na Tríplice Fronteira em meados da década de 2000."
Esse avanço permitiu ao Hezbollah ter laços com outras organizações transnacionais ilegais, como os cartéis de drogas. No caso do México, o grupo faz uma troca de know how criminal com os narcotraficantes mexicanos na fronteira com os Estados Unidos.
Para a criação de células no exterior, o Hezbollah "somente envia seus membros mais comprometidos e intrépidos", diz o informe Noriega-Cárdenas. "Eles devem estabelecer uma rede a partir do zero, de onde elas podem arrecadar fundos para enviar à cúpula no Líbano, familiarizar-se com o território e com os objetivos potenciais, e começar a planejar as operações".
Embora os especialistas tenham posicionamentos diferentes na avaliação do risco que representam essas atividades - de instalação de uma infraestrutura operacional na região -, a maioria coincide nessas que não podem ser vistas como um fim em si mesmo, mas nas quais deve ser considerado o grau de iminência de uma passagem na região. Algo que os relatórios que circulam neste momento pelos altos cargos das administrações latino-americanas parecem confirmar.
Fonte: Infobae / Radio Jai
Tradução livre: Jônatha Bittencourt
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