Posted: 26 Aug 2012 08:17 AM PDT
Gustavo Frasão, R7
Elas são mães, casadas ou noivas e sustentam a família com o dinheiro dos programas. Elas ganham bem, recebem de R$ 8 mil a R$ 12 mil mensais. Estudam, fazem faculdade e todas têm planos para tentar melhorar de vida. Bruna*, de 29 anos, não tinha intenção em ser garota de programa. Sua relação com a prostituição aconteceu por uma "fatalidade da vida". Aos 14 anos, ela engravidou do ex-marido e teve uma surpresa. — Quando fomos morar juntos eu descobri que ele era dono de um prostíbulo. Ou seja, ao mesmo tempo que era mulher dele acabava trabalhando como prostituta para ajudar na renda familiar. Muita gente nem sequer desconfiava que eu era menor de idade, porque não tinha corpo de menina.
— Sempre quis ser psicóloga. Decidi entrar na faculdade e paguei todo o curso com o dinheiro dos programas. Foi uma batalha dura, mas consegui me formar. Na sala, apenas as pessoas mais próximas sabiam da minha situação. Leia mais: Políticos que procuram sites de prostituição temem ser filmados Boates de luxo estimulam comércio do sexo em Brasília Formada há oito anos, a jovem diz que tentou trabalhar na área (psicologia) e até arriscou outras profissões, mas não conseguiu sair da prostituição. — Tenho um filho de dez anos e sou casada há quatro [anos]. Eles acham que eu sou gerente de uma casa noturna. Para não correr riscos, tentei ser vendedora, mexi com telemarketing, mas nenhuma profissão paga o que recebo hoje, algo em torno de R$ 12 mil. Internet A internet também tem facilitado o trabalho dessas garotas de programa, que encontraram uma maneira mais discreta, segura e eficaz de anunciar os serviços. Nos perfis de sites de relacionamento elas se definem como "acompanhantes". Normalmente têm entre 18 e 35 anos e a maioria tem ou está fazendo algum curso superior. O valor médio da hora é de R$ 280, dependendo do dia, horário e situação. Para essas mulheres, que não podem mostrar a vida profissional aos familiares, a rede virtual trouxe segurança e privacidade. Elas conseguem mostrar o corpo sem divulgar o rosto e usam emails e números diferentes dos que a família e amigos próximos conhecem. Desta forma, fica mais fácil conciliar a prostituição, estudos e a vida pessoal. É o caso de Camila*, de 28 anos. A jovem mantém seu anúncio virtual em sites especializados de Brasília e tem a própria página pessoal. Ela formou-se em administração de empresas no meio do ano e acredita que a formação trouxe clientes mais exigentes, refinados e requintados. — Eles pagam mais pela hora e nem sempre é preciso fazer sexo. Às vezes, quem me procura quer apenas uma companhia, um bom bate-papo. Tenho uma excelente qualidade de vida, falo vários idiomas. Paguei toda minha faculdade com o dinheiro da prostituição. Consegui comprar meu carro, alguns objetos de valor e faço viagens com frequência, para diversos lugares do mundo. Também faço aplicação mensal do meu dinheiro para que ele nunca falte. Tenho uma vida digna. Apesar de estar bem-sucedida neste momento na vida profissional, Camila contou à reportagem do R7 que tem como meta passar em algum concurso público até o fim do ano. — Continuo atendendo aos meus clientes e faço cursinho. Preciso ter um excelente emprego garantido para sair da prostituição, até porque tenho uma filha de três anos e um marido que nem sonham que trabalho com isso. A estudante de educação física Eloísa*, de 23 anos, conta que iniciou no mundo da prostituição para se "vingar" do ex-namorado. — Tinha 18 anos e namorava há cinco, quando descobri que estava sendo traída. Por vingança, decidi traí-lo também e acabei virando garota de programa. Hoje vivo disso, é minha principal fonte de renda. Pago minha faculdade e tenho uma qualidade de vida que é para poucos. Mas Eloísa tem planos altos para o futuro. A moça diz que pretende largar a prostituição quando se formar, porque vai abrir o próprio negócio. — Vou abrir minha academia e mudar de vida. Estou noiva e ele não sabe disso. Ainda não temos previsão para o casório, mas moramos juntos. Quando oficializarmos tudo, eu digo adeus de uma vez por todas para essa vida. A exemplo de Eloísa, a psicóloga Bruna também pretende deixar a prostituição. Ela reconhece que o sucesso é temporário e que se não tiver um plano B pode passar por apertos no futuro. — Não dá para ficar para sempre, meu corpo não aguentaria. Para ter um futuro garantido estou guardando dinheiro, fazendo bons investimentos e aplicações. Uma hora eu paro, sim, espero que não demore tanto tempo. Tenho medo que meu filho e marido descubram, então não posso vacilar. |
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domingo, 26 de agosto de 2012
Com renda de até R$ 12 mil mensais, mães do DF sustentam a família com dinheiro da prostituição
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