GOIS DE PAPEL
Por Ana Cláudia Guimarães
Em setembro vai fazer 60 anos do primeiro grande enterro da era da comunicação de massa, num tempo em que o rádio vivia seu apogeu. Dia 27 de setembro de 1952, às 18h30m, morria Francisco Alves, o Rei da Voz, num choque de seu Buick com um caminhão na Via Dutra. Foi uma comoção nacional. As rádios não paravam de tocar suas músicas — principalmente, “Boa noite, amor”, que diz: “Na carícia de um beijo/Que ficou no desejo,/ Boa noite, meu grande amor.”
O cortejo fúnebre, o primeiro a usar carro de bombeiros para transportar o defunto, levou duas horas da Câmara do Rio, na Cinelândia, até o Cemitério São João Batista (veja a foto do túmulo, até hoje visitado por fãs). Estima-se que 150 mil pessoas, numa cidade com pouco mais de 2 milhões de habitantes, acompanharam o corpo. O escritor Ruy Castro lembra que seu pai, grande fã de Chico Viola, ao saber pelo rádio na cidade mineira de Caratinga da morte do cantor, passou dois dias em casa e em silêncio:
— Ficou escutando todos os discos do Chico.
O pesquisador musical Marcelo Froes acha que a comoção se deu pelas circunstâncias da morte, de repente, de forma trágica: “Algo assim ocorreu em 1996 com o desastre aéreo que matou os Mamonas no auge da popularidade da banda.”
Ainda nos anos 1950, dois outros enterros pararam o país — o de Vargas, em 1954, e o de Carmen Miranda, em 1955. Autor da grande biografia da cantora, Ruy Castro lembra que Carmen foi velada também na Câmara do Rio, por dois dias, toda bonita e maquiada:
— Carmen também causou choro lá em casa. Sobretudo, da minha mãe.
O escritor acha que o enterro de Ayrton Senna, em 1994, já na era da TV, superou todos. Atraiu 500 mil pessoas. Também juntaram multidões cortejos políticos como o do estudante Edson Luís, morto pela ditadura, em 1968, e os dos presidentes JK e Tancredo Neves. Na outra ponta, os de Médici, em 1985, e Geisel, em 1996, só reuniram cem e 200 pessoas, respectivamente.
Mas, na opinião do maior PhD em enterros, o servidor público Jaime Dias Sabino (foto), 83 anos, papagaio de pirata que já segurou a alça de 1.149 caixões, o mais emocionante foi o da Irmã Dulce, na Bahia, em 1992. Que descansem em paz.
O cortejo fúnebre, o primeiro a usar carro de bombeiros para transportar o defunto, levou duas horas da Câmara do Rio, na Cinelândia, até o Cemitério São João Batista (veja a foto do túmulo, até hoje visitado por fãs). Estima-se que 150 mil pessoas, numa cidade com pouco mais de 2 milhões de habitantes, acompanharam o corpo. O escritor Ruy Castro lembra que seu pai, grande fã de Chico Viola, ao saber pelo rádio na cidade mineira de Caratinga da morte do cantor, passou dois dias em casa e em silêncio:
— Ficou escutando todos os discos do Chico.
O pesquisador musical Marcelo Froes acha que a comoção se deu pelas circunstâncias da morte, de repente, de forma trágica: “Algo assim ocorreu em 1996 com o desastre aéreo que matou os Mamonas no auge da popularidade da banda.”
Ainda nos anos 1950, dois outros enterros pararam o país — o de Vargas, em 1954, e o de Carmen Miranda, em 1955. Autor da grande biografia da cantora, Ruy Castro lembra que Carmen foi velada também na Câmara do Rio, por dois dias, toda bonita e maquiada:
— Carmen também causou choro lá em casa. Sobretudo, da minha mãe.
O escritor acha que o enterro de Ayrton Senna, em 1994, já na era da TV, superou todos. Atraiu 500 mil pessoas. Também juntaram multidões cortejos políticos como o do estudante Edson Luís, morto pela ditadura, em 1968, e os dos presidentes JK e Tancredo Neves. Na outra ponta, os de Médici, em 1985, e Geisel, em 1996, só reuniram cem e 200 pessoas, respectivamente.
Mas, na opinião do maior PhD em enterros, o servidor público Jaime Dias Sabino (foto), 83 anos, papagaio de pirata que já segurou a alça de 1.149 caixões, o mais emocionante foi o da Irmã Dulce, na Bahia, em 1992. Que descansem em paz.
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