quarta-feira, 20 de junho de 2012

Mulheres na vanguarda, por Carlos Tautz



Quando foi tornada pública a absurda decisão do prefeito do Rio de Janeiro, de proibir manifestações no Centro da Cidade durante o período da Rio+20, coube às mulheres agir. E, de forma firme e serena, elas desafiarem a atitude antidemocrática do alcaide carioca, mais conhecido pela fraqueza de opinião diante de poderosos (vide o episódio em que o moço xinga Lula e, depois, na ânsia pelo apoio eleitoral do caudilho petista, muda de opinião) do que sua vontade de enfrentar os reais problemas da Cidade Maravilhosa.
O resultado desse desafio foi a passeata com mais de cinco mil mulheres e homens pelo Centro da Cidade, comandada só por mulheres, e os protestos contra o machismo, o racismo e a homofobia, que coloriram as ruas do Rio na tarde dessa segunda (18).
Tudo no contexto da Cúpula dos Povos, o encontro de organizações e movimentos sociais paralelo à Conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento que corre no Riocentro sem qualquer controle social nem expectativa de resultado produtivo.
Os governos se reúnem lá, a mais de 40 km de distância do centro fervilhante da cidade, só para aprovar, após reuniões e reuniões diplomaticamente inúteis, aquilo que todo mundo já sabe: nenhum governo, muito menos o de Dilma, deseja realmente superar o modelo capitalista, que destrói diariamente todos os tipos de direitos, a começar pelos direitos específicos das mulheres.
A marcha das mulheres, que começou no Museu de Arte Moderna, sede da Cúpula, e terminou no Largo da Carioca, sede do BNDES (banco que financia grandes projetos econômicos violadores de direitos humanos), recuperou o protagonismo feminino diante do papel tradicional de centro da decisões que os homens ocupam.
Elas puxaram para si a responsabilidade de propor um mundo realmente novo. Rejeitaram o capitalismo, o patriarcalismo e sua consequência inequívoca, o machismo. E o fizeram como há muito não se via no Rio. 
A marcha das mulheres foi um aquecimento para os principais atos de protesto da Cúpula.
Nesta quarta, 20, duas novas passeatas vão dizer ao mundo o que o governo brasileiro recusa em dizer: o modelo econômico vigente no Brasil só é bom para as classes superiores que dele se beneficiam desde 1500. Para os demais, as sobras são dramáticas e absolutamente insustentáveis.

Carlos Tautz, jornalista, é coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e Controle Cidadão Sobre Governos e Empresas.

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