quarta-feira, 22 de abril de 2015

As velhas novas práticas



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Márcio Accioly

Na última semana, a “ambientalista”, seja lá o que isso signifique Marina Silva (PSB), reapareceu de longa imersão pós-eleição presidencial para dar aula sobre política. Ex-senadora pelo Acre (PT) e responsável pelo lançamento na vida pública do ex-cobrador de ônibus e ex-coveiro Sibá Machado (atual líder do partido na Câmara), sua ex-excelência está defendendo a chefe da roubalheira sem fim na Petrobras, Dilma Roussef, e se posicionando de forma veemente contra o impeachment.

De acordo com Marina (que garante com todas as forças que o mundo está aquecendo, quando na realidade se encontra mergulhado numa nova era glacial), a agenda do impeachment “seria reducionismo político” e “as lideranças políticas fazem o discurso que a sociedade quer ouvir”. O que Marina diz não se escreve.

A pobreza da vida pública nacional, sem qualquer retoque, fica exposta de forma clara e assustadora a cada pronunciamento de nossas sumidades. Durante a última campanha eleitoral, quando Marina ameaçou a liderança de Dilma Roussef, em algumas pesquisas, seu marido, Fábio Vaz de Lima, viu-se obrigado a se desligar do cargo que ocupava no governo do Acre, dirigido pelo PT. Ele já respondia a várias acusações de improbidade e escândalos na Sudam, mas não se tocou no assunto.

Com o fim da eleição presidencial, tudo vai retornando ao curso “normal”: o marido de Marina já foi readmitido no governo petista, Marina está mais uma vez defendendo Dilma Roussef (qualquer roubo que a presidente pratique será justificado), a população imbecilizada continua a pagar seus impostos (e sustentando os larápios de sempre) e os “líderes” vão fechando acordos dos mais vergonhosos e espúrios.

Os que se sentam nos postos de comando deste desmoralizado país não dão crédito nem atenção a nada. A maioria esmagadora deveria estar em celas de segurança máxima, mas se encontra decidindo os rumos nacionais. As manifestações de rua que mobilizaram milhões de pessoas pelo Brasil inteiro não despertaram sensibilidade nos que deveriam assumir responsabilidades. Todos parecem comer no mesmo cocho.

A oposição que se apresenta diante do distinto público deveria causar pavor, se as pessoas dedicassem alguma atenção aos desdobramentos de certas posições. Dia desses, na contestação de forte oposição ensaiada pelo senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) ao governo petista, quem colocou a cabeça de fora foi Demóstenes Torres. Cassado em julho de 2012, por sua associação com Carlinhos Cachoeira, Demóstenes disse que Caiado foi financiado por aquele bicheiro “a vida inteira”.

Por sinal, o posicionamento “democrático” do senador Ronaldo Caiado deixa muito a desejar: ele defende o tal voto em lista, da mesma forma que o PT, propondo que os eleitores votem na legenda e os donos de cada legenda partidária indiquem aqueles que deverão assumir os mandatos. Não custa lembrar que sua excelência está se dedicando ao projeto de disputar a eleição presidencial de 2018. Não se sabe se irá trazer Carlinhos Cachoeira a tiracolo, como garante Demóstenes Torres.

Outro senador dito de oposição, José Agripino Maia (RN), membro do mesmo partido de Caiado, participou até mesmo das manifestações de rua, em Brasília, por ocasião da marcha favorável ao impeachment presidencial. Logo em seguida, veio a denúncia de que um empresário de seu estado havia entregue R$ 1 milhão nas mãos de sua excelência, “para permitir um esquema de corrupção”. O empresário, George Olímpio, faz delação premiada ao Ministério Público do Rio Grande do Norte.

Assim, entre Marina pregando o contrário, e com políticos combatendo “a velha prática” (mas agindo de forma igual), o Brasil vai afundando. Não se fala em reforma política ou mudança nenhuma. Nossos políticos alimentam o caos e nele irão sucumbir.


Márcio Accioly é Jornalista.

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