terça-feira, 21 de abril de 2015
Manifestantes foram às ruas de Belo Horizonte e de Ouro Preto (MG) neste feriado de Tiradentes para protestar contra a escolha dos homenageados que receberam a Medalha da Inconfidência. A homenagem, principal honraria concedida pelo Estado de Minas Gerais, foi feita pelo governador Fernando Pimentel (PT), que entregou a medalha a 141 personalidades durante cerimônia na manhã desta terça em Ouro Preto. Fernando Pimentel é um ex-terrorista que tentou sequestrar o cônsul americano em Porto Alegre e se deu mal. Entre os homenageados estava o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que recebeu o Grande Colar da Inconfidência. Em 2013, o homenageado foi o ex-presidente da corte, Joaquim Barbosa. Durante o julgamento do Mensalão do PT, Lewandowski e Barbosa protagonizaram troca de farpas públicas. Em diversas situações, Lewandowski tomou posições a favor dos réus do Mensalão enquanto Barbosa era contra. O protesto foi organizado nas redes sociais por grupos como Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre, Basta Brasil, Brava Gente Brasileira, Movimento Pró Brasil, Minas Sem PT, entre outros. Muitos professores, que estão em campanha salarial, engrossaram a manifestação. Levando uma faixa onde se lia "A Inconfidência é dos brasileiros e não do PT", os manifestantes chegaram ao evento logo cedo, dizendo que o objetivo era repudiar a decisão de dar a Medalha da Inconfidência a "apadrinhados do PT de reputação duvidosa". Nas redes sociais, o grupo Vem Pra Rua afirmou que "Tiradentes é um herói que não merece essa afronta". Alguns manifestantes batiam tampas de panela durante o discurso de Pimentel e Lewandowski. O governador chegou a dizer, ao iniciar seu discurso, que respeitava as vozes contrárias, mesmo que elas usem "palavras equivocadas". Além de Lewandowski também foi homenageado João Pedro Stédile, presidente do Movimento Sem -Terra. Em Belo Horizonte, o protesto começou na praça Tiradentes e seguiu em direção à praça Floriano Peixoto. O governo de Minas Gerais afirmou que os homenageados são escolhidos por um conselho formado por representantes de entidades civis, professores, pesquisadores, historiadores, juristas e representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, "com plena independência de atuação". "A definição dos homenageados, portanto, tem como critérios os relevantes serviços prestados ao Estado, dentro das respectivas áreas de atuação de cada agraciado", afirmou, por nota, a assessoria. Durante a solenidade para entrega da Medalha da Inconfidência, o governador petista citou a história de Tiradentes para defender a presunção de inocência de réus, e criticou "justiçamentos" feitos para saciar "sede de vingança". Em seu discurso, o ex-terrorista Pimentel afirmou que Tiradentes "foi punido pela conveniência de não se punir mais ninguém. Foi levado ao altar dos sacrifícios para saciar a sede de vingança dos poderosos da época". "Todo réu é inocente até que sejam esgotadas todas as possibilidades de defesa. Isso não é um mantra contra os desmandos. É sim, um limite contra os desmandos, como aquele que afligiu Tiradentes", disse. Não se sabe por que ele não falou logo o nome de seu companheiro Vaccari. Sem mencionar diretamente julgamentos da história recente, como o Mensalão, o governador afirmou: "Justiçamentos podem ser tudo, menos justiça. Justiçamentos podem saciar a voracidade do arbítrio, podem apetecer a gana das vaidades, mas jamais irão alimentar a fome de justiça". Sobre o ministro Lewandowski, o petista disse que ele "já se mostrou fiel a mais sublime e nobre missão de um magistrado: ter a coragem de ir contra os aparentes consensos, guiado apenas pela solitária e genuína convicção da inocência ou da culpa, mas sem se deixar intimidar pelos clamores de um, de outro, ou de qualquer lado".
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