quinta-feira, 21 de novembro de 2013

FALTA TRABALHO E EMPENHO PARA COMBATER A DENGUE


http://www.biorosario.com.br/adm/files/charges/231/biorosario1.jpgPedro do Coutto
Reportagem de Laura Antunes Bertolucci, O Globo de quarta-feira, 20, revelou o crescimento dos casos de dengue no Rio de janeiro e no país, acentuando que, de 2012 a 2013, registrou-se uma taxa de mortes 96% e a elevação de 65% nos casos graves. Estão faltando trabalho e empenho do Poder Público de modo geral para enfrentar tal quadro que sempre se agrava, como todos sabem, no verão especialmente em consequência das chuvas. Nas águas estagnadas, os mosquitos proliferam. O trabalho para enfrentar a doença transmissível inclui, como sempre assinala Elena, minha mulher, uma campanha permanente. Mas não. As autoridades sanitárias não atuam preventivamente. Agora, em função da reportagem, vão se mobilizar. Em todo o país, este ano, foram notificados 217,8 mil casos. Ocorreram 573 mortes, quase o dobro do total registrado em 2012.
Uma epidemia cujos números faziam prever. Em 2010 os casos registrados foram 26,8mil. Três anos depois, alcançaram 217,8 mil. As redes públicas, em consequência, passaram a se defrontar com sobrecarga maior adicionada às deficiências que já apresentam. Todas as semanas, os jornais e redes de televisão destacam as falhas que se sucedem e permanecem sem solução. Macas com pacientes nos corredores, falta de remédios, de equipamentos, déficit de médicos, neste caso ao ponto de o governo federal ter recorrido à importação de outros países. Não poderia haver confissão maior de precariedade no atendimento. Os recursos financeiros são pequenos para a dimensão das tarefas. As perdas de medicamentos se acumulam, muitas vezes por descaso. Um desastre.
 A todo esse quadro extremamente crítico acrescente-se o problema da dengue que poderia ser substancialmente diminuido caso os dirigentes públicos se empenhassem efetivamente na tarefa permanente que começa pelo saneamento dividido em várias escalas. A mais simples impedir a proliferação de pneus velhos contendo águas acumuladas. Ação dos tradicionais matamosquitos que desapareceram dos bairros e das ruas. O trabalho permanente exige esforço para valer, sobretudo levando-se em conta o aumento natural da população brasileira. Com a taxa demográfica em torno de 1% ao ano, a cada doze meses são mais 2 milhões de crianças que nascem.
INCIDÊNCIA SOCIAL
O empenho, portanto, tem que apresentar mobilidade pelo menos igual para que a doença causada pela contaminação do mosquito não vença a corrida entre a prevenção e sua incidência social. Esse enfoque não foi considerado, como a reportagem demonstrou. Pois se fosse, de 2010 a 2013, os casos atestados não teriam crescido tanto no Rio de janeiro e no país. Os casos diagnosticados, pois quanto sequer teriam sido objeto de registro adequado?
E isso ainda não basta para se analisar todas as consequências. As medicações aplicadas foram as corretas? Sim porque necessário incluir-se erros humanos na média dos atendimentos sobretudo num país como o nosso que não possui médicos suficientes para atendimento gratuito à população. E a maioria dos habitantes, como é natural, não possui condições de recorrer a uma assistência particular. É preciso não esquecer que uma grande parcela de planos de saúde foi penalizada pelo não cumprimento de suas obrigações. Se isso acontece na área pelo menos não totalmente, que dirá na esfera da renda familiar ainda mais reduzida? A prevenção é insubstituível. Mas exige trabalho e empenho de verdade.

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