quinta-feira, 20 de junho de 2013

A ventura infeliz do orgulho, segundo Olavo Bilac


O jornalista e poeta carioca Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918) no soneto “Penetrália” fala dos sentimentos que possui, quando está amando e na perda deste amor.
PENETRÁLIA
Olavo Bilac
Falei tanto de amor!… de galanteio,
Vaidade e brinco, passatempo e graça,
Ou desejo fugaz, que brilha e passa
No relâmpago breve com que veio…
O verdadeiro amor, honra e desgraça,
Gozo ou suplício, no íntimo fechei-o:
Nunca o entreguei ao público recreio,
Nunca o expus indiscreto ao sol da praça.
Não proclamei os nomes, que baixinho,
Rezava… E ainda hoje, tímido, mergulho
Em funda sombra o meu melhor carinho.
Quando amo, amo e deliro sem barulho:
E quando sofro, calo-me e definho
Na ventura infeliz do meu orgulho.

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