Sim, assim como qualquer adolescente no mundo, eu fui perseguida na escola. Fui bullied por ser magra demais, mas também impliquei com a aparência dos outros e passei tardes no telefone falando mal da fulana de tal. Vi meninos populares empurrando os nerds, vi meninos tidos como CDFs escondendo a raiva enquanto um menino marrento fazia chacota dele perto das meninas.
Bullying não é novidade, mas eu nunca compararia a realidade analógica da minha adolescência ao mundo híper-conectado de 2012. No meu tempo, professores interferiram mais e se a perseguição chegasse ao extremo, mudar de escola e se reinventar era uma possibilidade real.
A adolescente de 16 anos, Amanda Todd, passou por várias escolas antes de publicar o seu vídeo no YouTube. Hoje, visto por mais de 1.6 milhão de pessoas, o vídeo narra a trajetória de uma menina que por quatro anos conviveu com atentados via internet e na escola. Após anos de autoflagelação, tentativas de suicídio e tratamento com antidepressivos, Amanda se enforcou em sua casa em Port Coquitlam, na província de British Columbia.
A história de Amanda começou numa sala de bate-papo com vídeo. Como descreveu em seu vídeo, ela e alguns amigos costumavam usar a webcam para “fazer novos amigos.” Durante uma conversa com um grupo de desconhecidos, depois de receber inúmeros elogios de estranhos, a jovem Amanda de 12 anos mostrou os seios para a câmera pensando que a conversa terminaria naquela sala de bate-papo.
Dias depois, Amanda recebeu um email via Facebook no qual uma pessoa não-identificada ameaçava divulgar fotos dela semi-nua na internet caso ela não topasse fazer um show privativo. Amanda ignorou a mensagem, mas seu perseguidor cumpriu a promessa.
E durante as férias de Natal sua família foi acordada às quatro da manhã pela polícia que investigava o vazamento das fotos de Amanda na internet. Segundo Amanda, obully sabia todos os detalhes de sua vida, do nome dos pais a onde ela morava.
A canadense Amanda Todd não é a primeira vítima do cyber bullying e, infelizmente, não será a última. No entanto, a sua morte reabriu uma discussão necessária sobre o quanto o assédio moral promovido por anônimos e conhecidos na internet deve ser tratado por pais, educadores e pelo sistema criminal canadense.
A polícia canadense investiga o caso e, dada a repercussão pública, também monitora as mídias sociais em busca de pistas.
Enquanto isso, todos tentam entender como a vida de Amanda poderia ser poupada...
E no Brasil, como educadores e responsáveis monitoram a atividade online e protegem seus filhos do cyber bullying?
Veronica Heringer é bacharel em Jornalismo pela PUC-Rio, mestre em Media Production pela Ryerson University e estrategista em marketing digital. Bloga noMadame Heringer.com e escreve para o Blog do Noblat aos domingos.
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