Ata do Copom mostra um leve sorriso do presidente do BC
qui, 19/07/12
por Thais Herédia |
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A leitura da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do BC, divulgada nesta quinta-feira (19), é capaz de criar uma imagem do presidente da instituição, Alexandre Tombini, com um leve sorriso no canto da boca, estilo Monalisa de Leonardo da Vinci.
O documento que justifica a decisão de baixar os juros para 8% ao ano não chega a ser otimista. Mas não tem mais o tom pessimista com as expectativas sobre a economia internacional e, principalmente, a brasileira.
Ao analisar o que está acontecendo aqui no Brasil, a ata do comitê reafirma o que o BC vem dizendo em entrelinhas, em recados pela imprensa e/ou nos encontros com executivos e economistas de mercado. O BC acredita que a economia brasileira vá crescer com mais força a partir desse segundo semestre, reagindo a todos os pacotes, pacotinhos e pacotões anunciados este ano pelo governo.
Numa lista superficial, é possível contar mais de 15 medidas adotadas ou reforçadas em 2012, para estimular o PIB brasileiro. Entre elas estão as desonerações de folha de pagamentos, de impostos que incidem sobre a produção, o lucro e as exportações de vários setores; medidas protecionistas para inibir importações; gastos extras do governo federal; redução de impostos cobrados em operações financeiras ligadas ao crédito; intervenções no mercado de câmbio para desvalorizar o real; mais dinheiro para o BNDES financiar empresas; e, finalmente, a redução dos juros aos níveis históricos que temos hoje.
Em 2011, quando a economia crescia a um ritmo insustentável para inflação, o governo lançou as medidas macroprudenciais para esfriar a fervura. O mercado não deu muita bola e ninguém conseguiu prever que elas conseguiriam derrubar o ritmo da economia como acabou acontecendo, levando o crescimento do PIB a cair de 7,5% em 2010 para 2,7% no ano passado. Os freios foram substituídos por incentivos e é na eficácia de todos eles na economia real neste segundo semestre que o BC coloca suas fichas.
Assim como aconteceu com as macroprudenciais, parece que o BC está se antecipando ao enxergar “terra à vista” quando o mercado ainda está sob alguma neblina. Ora, na visão do BC, se a inflação está comportada, se a economia internacional não vai passar por uma “ruptura”, o caminho à frente só pode ser o da recuperação.
Como prudência nunca faz mal, principalmente quando se trata da comunicação do BC com o mercado, a sinalização de que o Copom vai continuar baixando os juros continua acompanhada da “parcimônia”. Na leitura de alguns analistas, os juros ainda podem chegar a 7% este ano, mas os passos serão dados com cautela e muita informação.
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