quinta-feira, 21 de junho de 2012

Banco diz que Brasil vai crescer 1,5% neste ano e irrita governo by Fábio Pannunzio



DENISE LUNA E MARIANA SCHREIBER
O banco Credit Suisse reduziu ontem sua projeção para o crescimento do Brasil em 2012 de 2% para 1,5%. A mudança irritou o governo.
Ao deixar seu hotel no Rio de Janeiro em direção à conferência Rio+20, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou a nova projeção: "É uma piada, vai ser muito mais que isso", afirmou.
Também na Rio+20, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse que essa é a visão de um banco europeu e que é preciso levar em consideração a "crise em que eles estão mergulhados".
"Nós, brasileiros, somos um pouco mais otimistas. Estamos vendo dinamismo da nossa economia e acho que as medidas que o governo tomou estão destravando os investimentos para o segundo semestre. Nós vamos crescer mais do que isso", afirmou, sem citar números.
O Credit Suisse não quis comentar as declarações do governo. O banco informou apenas que o relatório foi elaborado pelo brasileiro Nilson Teixeira, economista-chefe responsável pela divisão de mercados emergentes do Credit Suisse Brasil.
As projeções de crescimento para o Brasil em 2012 vêm recuando desde o ano passado, mas passaram a cair com mais força há um mês, diante dos sinais de que a economia segue muito fraca.
Consultorias brasileiras também apontam para um crescimento inferior a 2% neste ano. A Tendências vê uma expansão de 1,9%, enquanto a MB Associados está revendo sua projeção.
"Vamos revisar nossa projeção de 2%, provavelmente para um número próximo de 1,5%", contou o economista-chefe da MB, Sérgio Vale.
Esses cortes se devem principalmente à queda dos investimentos, diz Vale. Segundo ele, os empresários estão temerosos em investir por causa da grande incerteza gerada pela crise na Europa.
"Até a crise se resolver, é difícil estimular a economia. O PIB de 2012 está praticamente perdido. Não dá para dizer que é piada", afirmou.
Além da piora dos investimentos, o relatório do Credit Suisse aponta o fraco desempenho da indústria e a expansão menor do consumo interno e do setor de serviços como fatores que justificam o corte na projeção para o PIB.
Entra na conta também a retração do setor agropecuário, afetado por problemas climáticos no início do ano.
O governo já adotou várias medidas de estímulo desde agosto, como cortes de impostos e na taxa de juros.
Isso deve acelerar o crescimento econômico no segundo semestre do ano, observa o economista-chefe da corretora CGD, Mauro Schneider.
Apesar disso, ele também prevê um crescimento modesto no ano, de apenas 1,8%.
"Juros menores estimulam a economia, mas outros problemas limitam o crescimento, como tributos altos e infraestrutura ruim", disse.

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