Não te enganes: a rútila candência
que os rostos esbraseia não é pura
vibração de cristal, ou transparência
sem véu, de aérea e cálida estrutura.
Nem fúlgidos clarões rompem a escura
cortina de reflexos, na imanência
do próprio ser obtuso que perdura
por detrás da aparente resplendência.
Dolosa limpidez que se propaga:
como impedir essa mordente chaga
de obliterar os corpos um a um?
Como evitar em meio a tanto logro
esse falaz luzeiro, teu malogro,
claridade ilusória, sol nenhum?
que os rostos esbraseia não é pura
vibração de cristal, ou transparência
sem véu, de aérea e cálida estrutura.
Nem fúlgidos clarões rompem a escura
cortina de reflexos, na imanência
do próprio ser obtuso que perdura
por detrás da aparente resplendência.
Dolosa limpidez que se propaga:
como impedir essa mordente chaga
de obliterar os corpos um a um?
Como evitar em meio a tanto logro
esse falaz luzeiro, teu malogro,
claridade ilusória, sol nenhum?
Fernando Antônio Py de Mello e Silva, nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de junho de 1935. É poeta e colunista litrerário do Diário de Petrópolis, cidade onde hoje habita. Fernando é membro da Academia Petropolitana de Letras, ocupando a cadeira 14, cujo patrono é Raimundo Corrêa. Seus livros publicados são Aurora de Vidro (1962), A Crise e a Construção (1969), Vozes do Corpo (1981), Chão da Crítica (1984), Sol Nenhum (1998) e Antiuniverso (1994). Py traduziu todo "Em busca do tempo perdido" de Marcel Proust.
Nenhum comentário:
Postar um comentário