a Carlos Drummond de Andrade
Que se passa naquele beco
onde nunca estive?
Vislumbro o muro de passagem:
sombras, manchas, rastros
de existência.
onde nunca estive?
Vislumbro o muro de passagem:
sombras, manchas, rastros
de existência.
Quem o habita, se é que o habita
alguém, se é que o beco
existe como existem
seres e coisas que vejo?
alguém, se é que o beco
existe como existem
seres e coisas que vejo?
Quem derra nesse recanto do universo
o sinal de vida, a marca indelével
da matéria organizada?
o sinal de vida, a marca indelével
da matéria organizada?
O que existe fora do meu
alcance de vista? Quem brinca
de esconder quando relembro
o muro caiado, a rua esquecida?
alcance de vista? Quem brinca
de esconder quando relembro
o muro caiado, a rua esquecida?
O que não vejo, pressinto:
existe mesmo ou é extinto
para mim, ignorado
como esse beco aonde nunca fui?
existe mesmo ou é extinto
para mim, ignorado
como esse beco aonde nunca fui?
Fernando Antônio Py de Mello e Silva, nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de junho de 1935. É poeta e colunista litrerário do Diário de Petrópolis, cidade onde hoje habita. Fernando é membro da Academia Petropolitana de Letras, ocupando a cadeira 14, cujo patrono é Raimundo Corrêa. Seus livros publicados são Aurora de Vidro (1962), A Crise e a Construção (1969), Vozes do Corpo (1981), Chão da Crítica (1984), Sol Nenhum (1998) e Antiuniverso (1994). Py traduziu todo "Em busca do tempo perdido" de Marcel Proust.
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