quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Islã passa por modernização, afirma especialista em estudos


islâmicos

 

Ex-radical Usama Hasan destaca o surgimento de intelectuais que propõem novas interpretações da religião e tentam adaptá-la ao mundo moderno.

O radicalismo religioso-político está hoje associado aos muçulmanos, 500 anos depois de ser prática comum entre os cristãos da inquisição e seus antecessores das cruzadas. A violência dos islâmicos, porém, tende a diminuir. Esta é a opinião do especialista em estudos islâmicos Usama Hasan, ele próprio um ex-radical. “Estamos passando por uma reforma e parte do nosso trabalho é o desenvolvimento de ideias e novas interpretações do islamismo que condizem com nossos tempos modernos e com a sociedade global”, afirma.
Nascido no Quênia, nos anos 70, e tendo se mudado para Londres ainda pequeno, Hasan estudou nas melhores escolas da Inglaterra e teve uma rígida educação religiosa em casa: até o casamento, não tinha contato com mulheres e só passou a ouvir música aos 35 anos. “Muitos muçulmanos no Ocidente protegem seus filhos do mundo externo. Isso gera uma tensão imensa e é uma das explicações para o fascínio com a mensagem dos extremistas. O mundo inteiro era nosso inimigo”, diz.
Segundo o especialista, muitos se sentem humilhados pela perda da Palestina e de parte de Jerusalém para os judeus, representados por Israel. “A raiva vem do senso de humilhação, que é muito palpável no mundo árabe”, avalia. Ele destaca ainda que os muçulmanos admiram, e ao mesmo tempo invejam, os países ocidentais pelos avanços tecnológicos e pelas sociedades abertas. “Eles gostariam de viver em países onde os direitos humanos são respeitados, pois esse não é o caso em muitos países muçulmanos”, conta.
Como os radicais estão presos à violência e não aceitam o diálogo, Hasan defende o método de ‘recompensa e castigo’: “Se eles lutam, precisam ser impedidos, como se fossem criminosos. Isso pode incluir ação militar e prisão”. Eles representam cerca de 40% da população muçulmana mundial, calculada em 1,3 bilhão de pessoas.
“Apesar dos movimentos militantes e grupos radicais, também vemos um grande florescimento da intelectualidade e da espiritualidade islâmicas. Isso é um sinal de esperança para o futuro. Torcemos para poder ajudar a ‘modernizar’ o islã, para que ele se adapte ao mundo moderno em vez de lutar contra ele, causando o extremismo e a violência que vemos”, afirma Hasan.

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