Carlos Newton
O suspense sobre o mensalão aumenta, porque o julgamento pode ter desdobramentos sensacionais. Ninguém sabe como o Supremo Tribunal Federal vai se posicionar diante do oferecimento do empresário Marcos Valério, operador do esquema de compra de votos, que se oferece para dizer tudo que sabe, em troca delação premiada.
Ele fez essa proposta em setembro, o documento é mantido em sigilo no Supremo e não foi anexado ao processo do mensalão, que já está em julgamento. O fax do oferececimento de Valério – revelado pela revista Veja – foi recebido pelo presidente do tribunal, ministro Carlos Ayres Britto, imediatamente encaminhado para o gabinete do ministro Joaquim Barbosa e, em seguida, para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Um processo em separado foi aberto, mas é mantido em segredo por causa do risco relatado por Marcos Valério de ser assassinado. A petição será relatada pelo ministro Joaquim Barbosa, pois o processo do mensalão está sob seus cuidados. Mas ele deixará a relatoria desse caso assim que assumir a presidência da Corte.
Segundo o jornal Estadão, o advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, não quis falar sobre o assunto. “Sobre isso assumi o compromisso com diversas pessoas de não declarar nada, não falar nada.”
O empresário foi acusado de ser o principal articulador do esquema e seria, conforme o Ministério Público, agente do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Em entrevistas, ele disse que o presidente Lula, com quem se reuniu algumas vezes junto com Dirceu, tinha conhecimento do mensalão. Mas nos depoimentos à Polícia Federal e à Justiça, Valério não confirmou essa informação. Mas pode ser que agora resolva confirmar.
Como se sabe, Valério foi condenado pelo STF pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, peculato, formação de quadrilha e evasão de divisas, cujas penas já superam os 40 anos. A sentença o obrigará a cumprir parte da punição em regime fechado.
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“HIPERLACÔNICO”
“HIPERLACÔNICO”
Procurado pelos jornalistas, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, disse que o fax com o pedido de delação premiada ao empresário Marcos Valério, operador do mensalão, foi “hiperlacônico”.
Ayres Britto saiu de fininho e disse que o relator do caso, Joaquim Barbosa, é quem vai avaliar o documento, que está em segredo de justiça. Como se sabe, Barbosa viajou para Alemanha para passar por um tratamento de saúde no quadril e as sessões serão retomadas na segunda semana de novembro.
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