sexta-feira, 15 de junho de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - PINTURA - Edward Hopper - Quarto no Brooklyn e Sete da Manhã


Hopper era, por temperamento, estoico e fatalista. Homem de maneiras francas e de apurado senso de humor,conservador em política, aceitava da vida o que recebia sem discutir e aparentava não ser idealista.

Culto, sofisticado, apaixonado por literatura, suas telas frequentemente mostram pessoas lendo ou com livros nas mãos.
Os que conviveram com ele o definiram como boa companhia, à vontade em momentos de grande silêncio, embora às vezes taciturno, às vezes resmungão.
Sempre sério a respeito de Arte em geral, a sua e a dos outros, se perguntado dava sua opinião muito francamente.
Apesar de dizer que conscientemente não tentava dar significados psicológicos às suas pinturas, ele se interessava muito pela leitura das obras de Freud e pelo poder do subconsciente. Em 1939 ele escreveu:
É tão grande a expressão do subconsciente em todas as manifestações artísticas que me parece que a maioria de todas as qualidades significativas foram ali colocadas pelo inconsciente, e muito poucas conscientemente.
Para encerrar a semana, mostramos duas telas muito representativas do espírito e evidentemente, do talento de Edward Hopper, que, afinal, esta seção é voltada para obras-primas...

Quarto no Brooklyn, de 1932 (acima), faz parte da série de quadros que ele pintou de c.de 1925 até a metade do século 20. Essa série tem obras muito reveladoras da alma das pessoas e do modo de ser da classe média americana.
Como técnica, chamam a atenção a luminosidade e a ocupação do espaço, mas o que nos emociona é a sensação de solidão da jovem mulher, voltada para uma janela que mostra uma paisagem feia e sem graça. Emociona e intriga: o que ela faz ali sentada?
É óleo sobre tela, mede 68.36 x 73.98 cm, e pertence ao Museu de Belas Artes de Boston, Mass.

 
Sete da manhã, de 1948 (acima): numa cidade pequena, a rua deserta, uma loja onde só se vê a caixa registradora, um relógio, umas garrafas, um calendário. É uma barbearia? Uma lanchonete? O que vendem ou fazem ali? Não dá para perceber se ainda há atividade naquele ambiente. Não há nada exatamente desanimador, ou sinistro, ou fora do lugar, mas há qualquer coisa que nos inquieta, talvez a sensação de calma aparente, desmentida pela agitação das árvores?
Óleo sobre tela, mede 76.7 × 101.9cm, e pertence ao Whitney Museum of American Art, Nova York
Edward Hopper faleceu aos 84 anos, em seu estúdio na Washington Square, Greenwich Village, Nova York.
Devo lembrar aos leitores que quem parte e reparte fica com a melhor parte: a escolha das telas. São muitas. É escolha muito individual. Aconselho quem gostou do pintor a dar uma lida em Hopper

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