sexta-feira, 15 de junho de 2012

CPI avança sobre Perillo e Agnelo, mas poupa Delta


by Fábio Pannunzio

ANDREZA MATAIS, ERICH DECAT E RUBENS VALENTE
No dia mais tenso desde a sua criação, a CPI do Cachoeira aprovou ontem a quebra, por um período de dez anos, dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF).
Em maioria na comissão, porém, os governistas promoveram um cerco maior ao tucano, que teve cinco pessoas ligadas a ele convocadas.
PT e PMDB também se uniram para impedir que a CPI chamasse o dono da Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor do Dnit Luiz Antonio Pagot.
Em resposta às manobras, a oposição ameaçou deixar a CPI e houve um racha na base aliada.
A empresa de Cavendish é acusada pela Polícia Federal de ser o braço financeiro do esquema de Carlinhos Cachoeira, e suspeita de repassar dinheiro para campanhas.
Pagot era o responsável pelo Dnit quando a Delta assinou grande parte dos contratos com o governo.
Em entrevistas, ele contou que existia um esquema de "caixa dois" para o PSDB e que, a pedido da campanha de Dilma em 2010, arregimentou empresas que faziam obras para o Dnit para levantar recursos.
Ele se colocou à disposição para falar, mas o pedido foi negado por 17 votos a 13.
No caso de Cavendish, a convocação foi derrubada por 16 votos a 13.
Os resultados referendaram a proposta do relator, Odair Cunha (PT-MG) para que os depoimentos fossem adiados por tempo indeterminado.
PT e PMDB votaram fechados com o relator, seguindo um acordo feito na madrugada pelas legendas.
O roteiro foi cumprido, mas a base aliada rachou: seis governistas (de PDT, PTB e PSD) apoiaram as convocações. O líder do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE), ameaçou abandonar a CPI.
"Se essa comissão se portar da forma como vem fazendo, é melhor passar a chave e irmos cuidar de outras coisas". O senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que a CPI está sendo transformada em "café com leite".

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