terça-feira, 21 de abril de 2015

Ministério Público suspeita da existência de dinheiro do petista Vaccari em paraíso fiscal e Polícia Federal já investiga viagem da cunhado do tesoureiro do PT

terça-feira, 21 de abril de 2015



Marice Corrêa de Lima faz depósito na conta da irmã e mulher de Vaccari, Giselda Rousie de Lima, em agência do Itaú, em São Paulo 

O Ministério Público e a Polícia Federal suspeitam que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso preventivamente, e seus familiares, mantiveram dinheiro sujo em paraísos fiscais. A mulher de Vaccari, Giselda Rousei de Lima, e a filha, Nayara Vaccari de Lima, já são investigadas por lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. Agora a recente viagem da cunhada do petista, Marice Corrêa de Lima, ao Panamá, na América Central, será investigada pela força-tarefa da Operação Lava Jato. Ela viajou no início deste mês, às vésperas de ser presa pela Polícia Federal. Nesta segunda-feira, Marice foi questionada pelo delegado da Polícia Federal, Eduardo Mauat da Silva, se sua irmã Giselda ou seu cunhado Vaccari mantêm dinheiro, ativos ou investimentos no Exterior. "Acredito que não", ela respondeu. Além de operadora de propinas para Vaccari e o PT, Marice agora é apontada como uma auxiliar para que o ex-tesoureiro petista recebesse "vantagens pessoais indevidas". Segundo o Ministério Público Federal, a mulher de Vaccari recebia uma mesada paga pela irmã. Os investigadores já encontraram na conta bancária da mulher de Vaccari uma série de depósitos não identificados entre 2008 e 2014, que somam 583.400 reais. A maior parte dos depósitos (322.900 reais) foi feita de maneira fracionada (abaixo de 2.000 reais cada), uma forma de despistar os órgãos de controle. Os 260.500 reais restantes foram parar na conta de Giselda em valores maiores que 10.000 reais. Câmeras de segurança do Banco Itaú flagraram Marice fazendo depósitos do tipo para Giselda em duas ocasiões no mês passado, embora ela tenha declarado à Polícia Federal que não transferiu dinheiro para a irmã ou a sobrinha neste ano. Durante o interrogatório, o delegado interpelou Marice sobre o motivo do deslocamento ao Panamá. Ela já havia sido monitorada pela Imigração no ano passado, mas estava fora do País quanto a Polícia Federal deflagrou a 12ª fase da Lava Jato, na última quarta-feira. Uma das missões dos agentes era prendê-la e fazer buscas no apartamento de Marice em São Paulo, cujo endereço aparece em documentos e interceptações telefônicas como uma espécie de central de propina, ou money delivery (entrega de dinheiro, em inglês), conforme anotado em uma planilha apreendida. À Polícia Federal, Marice disse que estava em um compromisso profissional. Formada em Administração, ela trabalha desde 2006 como coordenadora financeira na Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA) e recebe 9.000 reais brutos, segundo declarou. Marice afirmou ao delegado que viajou no dia 5 de abril ao Panamá para "participar de uma reunião do conselho da CSA e de um Fórum Sindical das Américas". Ela disse "não ter realizado nenhuma atividade ou contato no país a pedido de sua irmã Giselda ou de Vaccari". Marice disse também que, assim que tomou conhecimento da decretação da sua prisão temporária, retornou imediatamente ao País, para se apresentar à Superintedência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), onde está presa. A versão não convenceu os procuradores da República. "Nunca é demais agregar que Marice estava no Panamá, conhecido paraíso fiscal da América Central. Em que pese a sua viagem por si só não seja ilícita, este fato associado ao contexto das atividades de Marice, aparentemente operadora de recursos ilícitos, merece no mínimo aprofundamento investigativo, pois levanta suspeitas da manutenção de depósitos ocultos no Exterior, como por diversas vezes se verificou com outros investigados nesta operação", disseram os responsáveis pela força-tarefa da Lava Jato, no pedido de prisão preventiva de Marice enviado ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba.

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