Carlos Chagas
A presidente Dilma deve rezar para que não se torne necessário, este ano, enviar ao Congresso qualquer projeto de lei ou medida provisória de expressão. O risco de ser derrotada é grande. Mesmo devendo contemplar os partidos de sua base parlamentar com os doze ou mais ministérios que precisará preencher com a próxima saída dos ministros-candidatos, parece difícil satisfazer a goela aberta dos deputados e senadores governistas. Tanto pelas emendas individuais ao orçamento ainda não honradas pelo tesouro nacional quanto pela impossibilidade de apoiar mais de um candidato nas eleições para governador, Dilma estará reabrindo velhas feridas e assistindo o aparecimento de outras.
PT e PMDB não se comporão na maioria dos estados, ou seja, cada um apresentará seu candidato a governador. Junte-se o PP, o PR, o PTB e o PDT, também dispostos a concorrer. Vale o mesmo na disputa para o Senado e a Câmara. As preliminares do lançamento de pretendentes e os impasses para a seleção de um único nome na maioria dos estados, fora as exceções de sempre, sugerem sugestivo slogan para as campanhas: “em tempo de murici, cada um cuide de si”.
O problema, para a presidente, é que se decidir cuidar apenas dela, ou seja, da reeleição, mais fará aumentar o descontentamento nos partidos de sustentação do governo. As negociações continuam, mas fazem prever resultados nada animadores. Um alerta, uma pressão, ou melhor, uma vingança, emergirão da primeira vez que o palácio do Planalto sinalizar a necessidade de aprovação de alguma proposta.
Logo os reclamos vão virar indignação e esta se transformará em derrota parlamentar, tanto faz se os contrariados pertençam ao PMDB, ao PT ou ao conjunto de outras legendas insatisfeitas. Desfaz-se, assim, o sonho da reforma política revelado por Dilma logo depois das manifestações de junho passado. O diabo é se surgir alguma necessidade urgente de aprovação para inesperadas iniciativas do Executivo. Liberar recursos para emendas ainda será possível, mas optar por dois ou mais candidatos num só estado, nem sonhando. Essa história de freqüentar vários palanques nunca deu certo.
NENHUMA MUDANÇA
As chuvas deram pequena folga, nos últimos dias, revelando a mesma prática de sempre: nos municípios mais atingidos arrefeceram as providências adotadas pelos poderes públicos e pela própria sociedade para minorar as agruras dos aflitos. Governadores que o digam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário