O GLOBO - 06/01
A política externa brasileira ganhou novos tons com o lulopetismo. Logo de início, Lula desconectou o Brasil da negociação em torno da Associação de Livre Comércio das Américas (Alca), denunciada como uma iniciativa americana para pôr a América Latina a reboque, engolindo o Mercosul e outros acordos regionais. Mas, como sempre acontece, a proposta apresentada pelos Estados Unidos teria de receber reparos na mesa de negociações. Porém, ao contrário do governo brasileiro anterior, que vinha negociando com Washington, Lula fechou a porta ao maior mercado consumidor do mundo.
Pouco antes de o Brasil dizer não à Alca, sem negociar, os EUA fecharam um acordo de livre comércio com o Chile, sinalizando a tendência que viria a dominar os anos seguintes. Já a diplomacia brasileira, sob o signo lulopetista, preferiu se concentrar na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) para uma liberalização mais ampla do comércio mundial, infrutiferamente.
O Mercosul deve continuar a ser um objetivo permanente da política externa brasileira. Só que seu avanço rumo à maior integração do Cone Sul ficou bloqueado em alguns pontos. O primeiro é externo ao Brasil. Trata-se da crise econômica da Argentina, que levou o segundo pilar da organização a trabalhar contra, erguendo cada vez mais barreiras protecionistas aos produtos brasileiros. Brasília começa a mostrar irritação, mas teme que uma reação mais forte faça desmoronar o que resta do Mercosul. O segundo ponto também tem como protagonista a Argentina: sua resistência à assinatura de um longamente negociado acordo de livre comércio com a União Europeia, que seria um grande alento para o bloco.
O terceiro ponto é a progressiva “bolivarização chavista” do Mercosul, que ainda não se recuperou totalmente da crise provocada pela entrada da Venezuela, com forte apoio brasileiro, que levou ao afastamento do Paraguai.
De todo modo, parece óbvio que o Mercado Comum do Sul não tem a ganhar com o ingresso de um parceiro (mais um) em profunda crise econômica, que valoriza a estatização sobre a iniciativa privada e ainda por cima é ponta de lança do antiamericanismo no continente. Mas é assim que trabalha a diplomacia companheira, atropelando a cautela e o profissionalismo do Itamaraty histórico.
Posições discutíveis deixaram o país mais longe do sonho de consumo de ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Como, por exemplo, a tentativa de última hora de Brasil e Turquia convencerem o Irã, em 2010, a aceitar travas em seu programa nuclear para evitar uma nova rodada de sanções internacionais. Foi um tiro n’água, pois se deixaram usar pela teocracia persa e foram solenemente ignorados pelos EUA, como previsto.
A ideia de liderar o “Terceiro Mundo” desmorona, atolada na crise do Mercosul, enquanto se multiplica o número de acordos de comércio bilaterais, entre países e blocos. Tanto que o comércio exterior brasileiro começa a refletir esta automarginalização global.
A política externa brasileira ganhou novos tons com o lulopetismo. Logo de início, Lula desconectou o Brasil da negociação em torno da Associação de Livre Comércio das Américas (Alca), denunciada como uma iniciativa americana para pôr a América Latina a reboque, engolindo o Mercosul e outros acordos regionais. Mas, como sempre acontece, a proposta apresentada pelos Estados Unidos teria de receber reparos na mesa de negociações. Porém, ao contrário do governo brasileiro anterior, que vinha negociando com Washington, Lula fechou a porta ao maior mercado consumidor do mundo.
Pouco antes de o Brasil dizer não à Alca, sem negociar, os EUA fecharam um acordo de livre comércio com o Chile, sinalizando a tendência que viria a dominar os anos seguintes. Já a diplomacia brasileira, sob o signo lulopetista, preferiu se concentrar na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) para uma liberalização mais ampla do comércio mundial, infrutiferamente.
O Mercosul deve continuar a ser um objetivo permanente da política externa brasileira. Só que seu avanço rumo à maior integração do Cone Sul ficou bloqueado em alguns pontos. O primeiro é externo ao Brasil. Trata-se da crise econômica da Argentina, que levou o segundo pilar da organização a trabalhar contra, erguendo cada vez mais barreiras protecionistas aos produtos brasileiros. Brasília começa a mostrar irritação, mas teme que uma reação mais forte faça desmoronar o que resta do Mercosul. O segundo ponto também tem como protagonista a Argentina: sua resistência à assinatura de um longamente negociado acordo de livre comércio com a União Europeia, que seria um grande alento para o bloco.
O terceiro ponto é a progressiva “bolivarização chavista” do Mercosul, que ainda não se recuperou totalmente da crise provocada pela entrada da Venezuela, com forte apoio brasileiro, que levou ao afastamento do Paraguai.
De todo modo, parece óbvio que o Mercado Comum do Sul não tem a ganhar com o ingresso de um parceiro (mais um) em profunda crise econômica, que valoriza a estatização sobre a iniciativa privada e ainda por cima é ponta de lança do antiamericanismo no continente. Mas é assim que trabalha a diplomacia companheira, atropelando a cautela e o profissionalismo do Itamaraty histórico.
Posições discutíveis deixaram o país mais longe do sonho de consumo de ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Como, por exemplo, a tentativa de última hora de Brasil e Turquia convencerem o Irã, em 2010, a aceitar travas em seu programa nuclear para evitar uma nova rodada de sanções internacionais. Foi um tiro n’água, pois se deixaram usar pela teocracia persa e foram solenemente ignorados pelos EUA, como previsto.
A ideia de liderar o “Terceiro Mundo” desmorona, atolada na crise do Mercosul, enquanto se multiplica o número de acordos de comércio bilaterais, entre países e blocos. Tanto que o comércio exterior brasileiro começa a refletir esta automarginalização global.
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