sábado, 7 de junho de 2014

Cartas de Seattle: Mais um tiroteio em universidade nos EUA

Melissa de Andrade - 
6.6.2014
 | 14h00m
GERAL


“Atirador solto, evite circular pela região ao norte do centro”, dizia o alerta que recebi no trabalho na tarde de ontem. Meu escritório fica próximo ao campus da Universidade Seattle Pacific, onde um homem chegou disparando vários tiros. Naquele momento ainda se achava que podia ser mais de um atirador, que somente um deles havia sido capturado, e que os alunos ainda estavam sob ameaça.
Logo chegou a confirmação: não há mais perigo, o suspeito foi preso. Mas a paz do dia já tinha sido atingida junto com os quatro feridos pelos tiros, um deles falecido logo após chegar ao hospital. Que sensação de insegurança e vulnerabilidade saber de um perigo iminente, um desajustado que encontra a solução para as suas inquietudes na ponta de uma arma apontada para pessoas que não conhece. Mais uma vez se repete o fenômeno do tiroteio compulsivo nos Estados Unidos. Só que desta vez é perto de mim. Bem perto de mim.
Seattle não costuma acontecer este tipo de violência, mas lamento dizer que este não é um fato isolado. Há dois anos eu comentava aqui no Blog do Noblat sobre um caso semelhante, que se arrastou por horas na tentativa do atirador de escapar da polícia e acabou tragicamente. Na época eu falava de sensação de insegurança, preocupação com a escalada da violência, choque e medo. As lembranças daquele dia estão bem vivas, como é comum a todas as tragédias. Não parece que faz dois anos.
A consequência da sensação de insegurança é óbvia num país em que o porte de armas é garantido pela Constituição. Aprendi boquiaberta esta semana que Washington, onde fica Seattle, é o 5º estado do país em quantidade de porte de arma no país. Um em cada 11 adultos tem uma arma. Isso só é menos que – veja só – Utah, Indiana, Tennessee e South Dakota. A emissão de porte de arma triplicou de 2005 a 2012, principalmente entre mulheres.
Já ouvi muitas vezes o argumento de que a questão não é por que ter arma, é por que não ter. Na ressaca de mais uma tragédia como a de ontem, a patrulha pro-armamento vai se sentir mais fortalecida do que nunca.


Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview

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