Dubrovnik, conhecida como a Pérola do Adriático, concentra História, Artes Romana e Gótica, monumentos Renacentistas e Barrocos. A antiga Ragusa foi ferida muitas vezes, mas soube se recriar e é, hoje em dia, uma das mais apaixonantes cidades da Europa. George Bernard Shaw, famoso por seu espírito acerbamente crítico, a chamava de Paraíso.
O azul de suas águas, as ilhas e ilhotas, o encanto das angras, o verde dos ciprestes, os telhados cujo tom avermelhado ressalta o brilho de suas pedras muito brancas, não há artista plástico que reproduza com fidelidade Dubrovnik, que sempre tira um Oh! de espanto de seus visitantes.
Fundada pelos romanos em 614, Ragusa, como foi batisada, foi erguida sobre uma ilha rochedo que se debruça sobre o mar. A cidade medieval atravessou os tempos e foi ocupada por bizantinos, venezianos, otomanos, húngaros, austríacos e franceses, todos marcando sua passagem.
Dubrovnik conta sua história através de monumentos e também das cicatrizes deixadas pelos terremotos de 1667 e 1779. Sofreu ainda com bombardeios no século 20 na guerra servo-croata. A cidade museu, tombada pela Unesco, foi objeto de um intenso projeto de restauração, para que a humanidade não perdesse mais esse tesouro.
Mas nosso interesse aqui é falar de uma de suas obras-primas, a farmácia inaugurada em 1317 e que faz parte do Mosteiro dos Franciscanos (acima).
Esse mosteiro é um dos maiores entre os mosteiros franciscanos, chega a ser monumental: tem dois claustros. O superior, renascentista, com suas arcadas cruciformes e arcos semicirculares, e o inferior, gótico-romano, decorado com rosetas e colunas com capitéis de várias formas, algumas geométricas, outras representando vegetais, figuras humanas ou animais. Não é o mosteiro original, pois esse foi destruído no terremoto de 1667.
Mas o terremoto não acabou com o maior tesouro do mosteiro: sua farmácia. De início uma enfermaria para tratar dos membros da congregação, mantida como tal desde 1317, aos poucos foi sendo ampliada e com a ajuda da população, a quem muito interessava o tratamento e os cuidados dos franciscanos, foi sendo ampliada.
Os armários e balcões são também do século 16. Os potes foram feitos em Siena e Florença, alguns da mesma época, outros mais antigos, anteriores à fundação da farmácia, mas que já serviam aos frades. De sua pequena enfermaria podemos ver manuscritos com receitas até hoje secretas, outras com orientação para o fabrico de medicamentos banais, balanças de precisão, medidores, prensas, pilões e um aparelho para destilação de água, esse do século 14.
Entre as quase 2000 receitas curiosas estão as de poções para o prolongamento da juventude, xaropes para a conservação da memória, e até um que se destinava a manter a paz da vida conjugal!
Uma das mais antigas da Europa e certamente a mais antiga da Croácia, a farmácia original hoje é um museu. Mas isso não quer dizer que parou de funcionar. No claustro inferior foi instalada uma farmácia moderna (acima) que vende remédios como qualquer outra, mas que conserva sua tradição vendendo cremes e poções inspirados nas receitas antigas, como as diversas Águas de Colônia: de Rosa, de Alecrim, de Flor de Laranjeira. E as colônias e cremes antirugas, maior sucesso de vendas dessa extraordinária farmácia.
Monastério dos Franciscanos, Dubrovnik, Croácia
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