quarta-feira, 30 de abril de 2014
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Por que essa imagem está aí? Vocês vão entender.
Algo de muito grave aconteceu caso se confirme mesmo a notícia — e não creio que possa haver desmentidos: numa ação do Exército do Iêmen contra forças da Al Qaeda, a maior desde 2012, foram mortos 26 terroristas, ou jihadistas, como eles próprios se definem. No grupo, dizem as autoridades iemenitas, estão… brasileiros. Sim, caros leitores, vocês leram direito: havia brasileiros em campos de treinamento da Al Qaeda. Segundo Abdu Rabo Mansur Hadi, presidente daquele país, há ainda terroristas mortos oriundos da Holanda, França, Austrália e outros países.
Por que a notícia é especialmente grave no que nos diz respeito. Porque o Brasil, e não será a primeira vez que escreverei isso aqui, é uma das poucas democracias do mundo — na verdade, deve ser a única — que não dispõe de uma lei para punir ações terroristas. Se esses brasileiros que morreram no Iêmen tivessem sido presos e eventualmente deportados para o Brasil, não haveria, acreditem, como puni-los aqui. Da mesma sorte, este país não tem como aplicar penas adequadas para ações terroristas praticados por estrangeiros ou por nativos em solo brasileiro. Teria de apelar a alguma outra legislação.
E por que não temos essa lei, a menos de dois meses da Copa do Mundo? Porque as esquerdas, muito especialmente os petistas, não aceitam. Aliás, a imprensa, com as exceções de praxe, não tem sido muito sábia quando debate o assunto.
Em maio de 2009 foi peso no Brasil o libanês sobre Khaled Hussein Ali, que foi, então, identificado na imprensa brasileira como o “libanês K”. Era ligado à Al Qaeda. Foi, acreditem, solto! No dia 26 de maio daquele ano, diante da evidência de que a rede terrorista já estava entre nós, o inefável Tarso Genro, então ministro da Justiça, tratou o terrorismo como uma variante de “corrente de opinião”. No dia seguinte, sustentou que o país realmente não precisa tipificar esse tipo de crime porque a legislação comum dá conta do recado — o que é conversa mole.
Reportagens da revista VEJA de abril e dezembro de 2011 demonstraram que o terrorismo islâmico já operava no Brasil e recrutava pessoas para a sua causa. A revista revelou as conexões de cinco grupos extremistas no Brasil. Mais tarde, a análise de processos judiciais e de relatórios do Departamento de Justiça, do Exército e do Congresso americanos expôs laços de extremistas que vivem no Brasil com a Fundação Holy Land (Terra Santa, em inglês), uma entidade que, durante treze anos, financiou e aparelhou o Hamas, o grupo radical palestino que desde 2007 controla a Faixa de Gaza e cujo objetivo declarado é destruir o estado de Israel.
A Holy Land tinha sede em Dallas, no Texas, e era registrada como instituição filantrópica. Descobriu-se que havia enviado pelo menos 12,4 milhões de dólares ao Hamas e que ajudava o grupo a recrutar terroristas nos Estados Unidos e na América do Sul. Em 2001, entrou para a lista de organizações terroristas da ONU e, em 2008, seus diretores foram condenados na Justiça americana por 108 crimes, entre os quais financiamento de ações terroristas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A maior pena, de 65 anos de prisão, foi para Shukri Abu Baker, fundador, presidente e diretor executivo da Holy Land Curiosamente, passou despercebido o fato de que Baker é brasileiro. Mais do que isso: durante muitos anos ele manteve operações no Brasil, e alguns de seus comparsas ainda estão por aqui.
Sem leiMuito bem! Todas as vezes em que se tentou votar uma lei contra o terrorismo no Brasil, a esquerda impediu o debate. Chegaremos à Copa sem ela. E é provável que às Olimpíadas também. A Comissão de Juristas que propôs a reforma do Código Penal chegou a prever, sim, a pena para ações terroristas, mas o fez de maneira muito particular: livrava de qualquer sanção quem cometesse desatinos em nome de causas socais, o que é, obviamente, piada. Na maioria das vezes, um terrorista sempre alega uma motivação nobre, não é mesmo? De resto, pode até haver causas nobres que mobilizam fanáticos. O que os tolos têm de entender é que não há causa legítima o bastante que justifique o ataque contra alvos ilegítimos: os inocentes.
Precisamos agora saber quem são esses brasileiros, sua origem, seus vínculos no Brasil, suas conexões. É claro que a votação de uma lei antiterror se tornou ainda mais urgente. Por Reinaldo Azevedo
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