Acílio Lara Resende(O Tempo)
Escolher homens públicos à altura do povo brasileiro é pura obviedade. O alcance dessa escolha, todavia, nos parece quase sempre impossível ou incomensurável. Mas, se soubermos batalhar por ela, em 2014, conseguiremos tudo e mais alguma coisa. A tarefa não é fácil, pois o meio de que dispomos para concretizá-la é o voto. Embora seja o único previsto no regime democrático, ele tem sido mal-utilizado e até mesmo desrespeitado pelos eleitores ao longo de muitos anos.
Obrigatório ou não, é através do voto que haveremos de transformar a nossa realidade. A maior responsabilidade é, portanto, do eleitor, que é senhor de tudo, mas sempre se esquece do dever que tem para com o seu país. E é nesse vácuo de omissão ou esquecimento que medram os maus administradores públicos, imbuídos da ideia não de servir, mas de serem servidos. São atrevidos e, à luz do dia, transformam a política, com a maior desfaçatez, em negócio privado.
Não gostaria de dar razão ao jornalista e teatrólogo Nelson Rodrigues, morto há mais de 30 anos, mas absolutamente atual. A afirmação (genérica) de que o “brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte” precisa ser desmentida por nós.
Eu sei, falta, sobretudo, educação ao povo brasileiro. É dela que ele carece. Só que, para a maioria dos nossos políticos, ela não passa de pura massa de manobra; é mera moeda de troca, quase sempre tratada com descaso ou criminosa demagogia. Não é à toa que está dormindo, no Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação.
SEM OMISSÃO
Não é bom passar o ano mal-humorado, mas também não é bom ser omisso perante escândalos gritantes e insuportáveis. Daí porque é impossível manter-se em silêncio quando se tem notícia do que fez, há alguns dias, o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros.
Não é a primeira vez que o alagoano pisa feio na bola. Renan Calheiros é aquele senador que foi forçado a renunciar ao cargo (que novamente exerce hoje…) quando foi descoberto, pela imprensa, que uma empreiteira pagava por ele pensão à mãe de sua filha.
Renan Calheiros, leitor, é aquele mesmo senador que, recentemente, viajou com sua mulher Verônica, em avião da FAB, para comparecer a um casamento em Trancoso, na Bahia. Na época, afirmou que o uso do avião se justificava. Usou-o, para fins particulares, porque acha que a função de chefe de um dos Poderes o autoriza a usá-lo. Diante da má repercussão do episódio, devolveu R$32 mil ao erário, embora nunca se tenha sabido, até hoje, quanto nos custou o transporte.
Renan Calheiros é aquele mesmo senador que, recentemente, voou outra vez em avião da FAB para fazer, em sua imperial cabeça, na cidade do Recife, o implante de 10 mil fios de cabelo.
O jornalista Ancelmo Gois, na quarta-feira passada, em sua coluna no jornal “O Globo”, informou o seguinte: “Um de cada dois aviões da FAB está sem condições de decolar por falta de dinheiro para manutenção. O comando da Aeronáutica contou 346 aeronaves paradas do total de 624 aviões que o Brasil dispõe para defesa aérea”.
Como manter, então, diante de tudo isso, o bom-humor de fim de ano? Você acha isso possível, leitor? Ou devemos pensar, como muitos eleitores de Calheiros, que pode faltar dinheiro para tudo no país, mas não pode faltar dinheiro para combater a calvície do senador?
Destruamos essa gente com a arma de que dispomos! E ela é muito simples. É o nosso voto na urna.
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