Melhor oportunidade não haverá do que um ano eleitoral para despertar a energia da indignação e acionar a explosão do desespero. Em especial porque o ensaio geral aconteceu a partir de junho do ano passado. Vem coisa por aí, não é preciso ser profeta para imaginar. Porque nada mudou de essencial desde as manifestações de protesto diante dos péssimos serviços públicos, do descalabro na educação e na saúde, dos deficientes transportes coletivos, da falta de oportunidades para a juventude, da corrupção, da impunidade e do desdém que os privilegiados dedicam às massas.
O grave é que não há um comando central, muito menos uma ideologia a impulsionar esses movimentos gerados pela frustração social. Décadas de descaso encoberto pela propaganda e pela truculência levaram a maioria à situação de não haver retorno. Certos governos e algumas elites bem que demonstraram sensibilidade, mas foram levados de roldão pelo aumento das necessidades e das exigências. Assistencialismo dirigido não basta.
É bobagem imaginar que tudo não passará de baderna praticada pelos black-blocs, pois eles nada mais são do que espuma encimando vasto tsunami prestes a invadir o território nacional. Seria bom prevenir, ao menos para evitar que o processo eleitoral não venha a constituir-se no maior sacrificado no altar da indignação e do desespero. Chegamos ao limite em que concessões não adiantam mais. É preciso mudar, reformar, até revolucionar. Mas como? E com quem?
Nunca será de mais buscar exemplos na História. Luis XVI tentou evitar o caos. Convocou os Estados Gerais, aceitou a diminuição da influência e dos privilégios da nobreza e do clero, reconheceu a Assembleia Nacional, depois Assembleia Legislativa, até botou no chapéu os laços tricolores. Mesmo assim, acabou levado à força de Versailhes a Paris para depois ser guilhotinado. Antes, ao tomar conhecimento da queda da Bastilha, indagou se era uma rebelião. Responderam-lhe que não. Era a revolução. Na França, a explosão popular acabou com a monarquia. Só que depois veio Napoleão…
TARSO FINCA PÉ
Exigência do governador Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, para candidatar-se à reeleição: que a presidente Dilma compareça apenas ao seu palanque, durante a campanha. Como PMDB e PP terão candidatos, e ela tem no segundo mandato sua prioridade maior, o governador talvez venha a desiludir-se…
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