O Estado de S.Paulo - 05/01
Aí você acorda às 3 da manhã morrendo de sede e com a boca seca, percebe que não deixou na mesinha de cabeceira aquele copo de água salvador da madrugada e tem que se levantar como um zumbi e ir até a cozinha torcendo para isso não tirar seu sono em definitivo. E, de repente, você está lá, tomando a água mais gostosa do mundo quando repara, iluminada pela luz da geladeira, que na parede há uma filinha de formigas vindas não se sabe de onde e tomando não se sabe qual rumo. São microformiguinhas, inofensivas, mas que fizeram da sua casa uma rota alternativa. Você procura entender para onde vão e vai seguindo com o olhar aquela trilha. Depois volta para saber de que pequeno buraco veem esse (qual o coletivo de formigas?) mundo de insetinhos. Não há o que fazer. Você volta a dormir.
Nos dias que se seguem, você tenta de tudo: coloca cravo da índia nos cantos da cozinha porque sua vó lhe disse que era bom. Pó de café. Passa álcool nas paredes. Joga inseticida no começo e no fim. Tapa o buraco com Durepoxi. Só falta atear fogo na casa. E o que acontece no dia seguinte? Elas voltam. Elas dão um jeito, fazem um malabarismo qualquer e continuam usando sua cozinha de passagem. E elas são infinitas.
Nem adianta perder o seu dia esmagando uma a uma com seu maldoso dedão, porque elas não acabam. E depois de tentar de tudo, inclusive de tentar conviver com elas pacificamente, você resolve tomar uma atitude. Aquela atitude que você deveria ter tomado desde aquela primeira noite. Se mudar de casa? Não. Chamar um dedetizador. Ele vem, você paga um X que você não queria pagar desde o início, porque achou que resolveria do seu jeito, ele dá o "jeito" dele e no dia seguinte o que acontece? As formiguinhas não estão mais lá. Simples assim.
No Brasil, todos nós sabemos de onde vêm as formiguinhas e para onde vão. É conhecido por qualquer brasileiro de onde entra a droga no País e qual o seu destino final. Sabemos quem são os políticos corruptos e como eles fazem para roubar. Sabemos quem são as autoridades sempre subornadas, como são subornadas, qual o esquema delas e como funciona seu mecanismo. Sabemos quem são as torcidas organizadas, quem são os assassinos que vão aos estádios para arranjar briga, inclusive sabemos a data, hora e o local das confusões. Sabemos que a educação vai mal. Sabemos que os hospitais não têm infraestrutura. Sabemos que a polícia é mal paga. Sabemos em que ruas ficam as cracolândias. Sabemos quais são os lugares perigosos da cidade. Sabemos onde moram os bandidos. Sabemos que a tributação no País é a maior do mundo. Sabemos que o dinheiro pago com os impostos é muito e, misteriosamente, não dá conta de resolver nenhum problema.
Sabemos que cartórios são inúteis e verdadeiros cartéis. Sabemos que tudo é superfaturado e sabemos o porquê. Aqui, o governo acompanha as formiguinhas com olhares muito atentos, mas ninguém se dá ao trabalho de levantar a bunda do sofá, pegar o telefone e ligar pra uma dedetizadora.
Aí você acorda às 3 da manhã morrendo de sede e com a boca seca, percebe que não deixou na mesinha de cabeceira aquele copo de água salvador da madrugada e tem que se levantar como um zumbi e ir até a cozinha torcendo para isso não tirar seu sono em definitivo. E, de repente, você está lá, tomando a água mais gostosa do mundo quando repara, iluminada pela luz da geladeira, que na parede há uma filinha de formigas vindas não se sabe de onde e tomando não se sabe qual rumo. São microformiguinhas, inofensivas, mas que fizeram da sua casa uma rota alternativa. Você procura entender para onde vão e vai seguindo com o olhar aquela trilha. Depois volta para saber de que pequeno buraco veem esse (qual o coletivo de formigas?) mundo de insetinhos. Não há o que fazer. Você volta a dormir.
Nos dias que se seguem, você tenta de tudo: coloca cravo da índia nos cantos da cozinha porque sua vó lhe disse que era bom. Pó de café. Passa álcool nas paredes. Joga inseticida no começo e no fim. Tapa o buraco com Durepoxi. Só falta atear fogo na casa. E o que acontece no dia seguinte? Elas voltam. Elas dão um jeito, fazem um malabarismo qualquer e continuam usando sua cozinha de passagem. E elas são infinitas.
Nem adianta perder o seu dia esmagando uma a uma com seu maldoso dedão, porque elas não acabam. E depois de tentar de tudo, inclusive de tentar conviver com elas pacificamente, você resolve tomar uma atitude. Aquela atitude que você deveria ter tomado desde aquela primeira noite. Se mudar de casa? Não. Chamar um dedetizador. Ele vem, você paga um X que você não queria pagar desde o início, porque achou que resolveria do seu jeito, ele dá o "jeito" dele e no dia seguinte o que acontece? As formiguinhas não estão mais lá. Simples assim.
No Brasil, todos nós sabemos de onde vêm as formiguinhas e para onde vão. É conhecido por qualquer brasileiro de onde entra a droga no País e qual o seu destino final. Sabemos quem são os políticos corruptos e como eles fazem para roubar. Sabemos quem são as autoridades sempre subornadas, como são subornadas, qual o esquema delas e como funciona seu mecanismo. Sabemos quem são as torcidas organizadas, quem são os assassinos que vão aos estádios para arranjar briga, inclusive sabemos a data, hora e o local das confusões. Sabemos que a educação vai mal. Sabemos que os hospitais não têm infraestrutura. Sabemos que a polícia é mal paga. Sabemos em que ruas ficam as cracolândias. Sabemos quais são os lugares perigosos da cidade. Sabemos onde moram os bandidos. Sabemos que a tributação no País é a maior do mundo. Sabemos que o dinheiro pago com os impostos é muito e, misteriosamente, não dá conta de resolver nenhum problema.
Sabemos que cartórios são inúteis e verdadeiros cartéis. Sabemos que tudo é superfaturado e sabemos o porquê. Aqui, o governo acompanha as formiguinhas com olhares muito atentos, mas ninguém se dá ao trabalho de levantar a bunda do sofá, pegar o telefone e ligar pra uma dedetizadora.
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