GAZETA DO POVO - PR - 12/12
Em 2003, muitos analistas ficaram surpresos com a adoção pelo novo governo do modelo de gestão da política econômica baseado no tripé meta de inflação, flutuação cambial e ajuste fiscal. Lula fez o certo ao manter praticamente intacto o modelo de gestão herdado de Fernando Henrique. Ganhou credibilidade do mercado e reduziu as incertezas na economia, ingredientes fundamentais, em conjunto com o ótimo ambiente externo, para a geração do ciclo de crescimento com estabilidade entre 2004 e 2008.
Em 2009, no contexto da crise financeira global, o governo implementou, assim como a maioria dos países, uma política macroeconômica anticíclica tipicamente keynesiana. A queda na taxa de juros e a redução do superávit primário do setor público foram fundamentais, em conjunto com as políticas conduzidas pelo Banco Central no interbancário, para manter o nível de demanda e de emprego, reduzindo os impactos da crise sobre a economia brasileira.
A recuperação de 2010 é a evidência dos acertos do Ministério da Fazenda e do Banco Central na condução da economia no contexto da crise, mas é justamente neste contexto de sucesso que deu-se o nascimento dos principais erros da gestão da política econômica recente. O governo brasileiro simplesmente vem mantendo nos últimos anos o mesmo padrão de gastos utilizado no contexto da crise financeira, ou seja, vem praticando uma política anticíclica num contexto de normalidade.
Aqueles que realmente leram Keynes, o pai da política anticíclica, sabem que seu uso deve ser limitado aos períodos de crise e que nos momentos de normalidade o superávit fiscal deve ser ampliado. A condução recente da política fiscal não pode ser classificada como ortodoxa ou keynesiana; trata-se simplesmente de uma irresponsabilidade. Ao mesmo tempo, o Banco Central demonstrou-se mais tolerante com a inflação, já que de fato desistiu de perseguir o centro da meta e passou a contentar-se em atingir o teto de 6,5% ao ano, o que na prática se traduziu numa elevação das expectativas de inflação, sem efeitos sobre o crescimento.
A falta de clareza na condução da política econômica e a adoção de intervencionismos inexplicáveis, tais como a política de maquiagem do preço da gasolina pela Petrobras, são fatores que ajudam a entender a rápida deterioração no estado de confiança e os baixos níveis de investimento produtivo, elementos centrais para entender o reduzido crescimento econômico dos últimos anos.
A solução para o impasse, ao contrário do que pensam alguns analistas, é reforçar o tripé da política macroeconômica vigente entre 1999 e 2008. O superávit primário precisa voltar a flutuar entre 4% e 5% do PIB e o centro da meta de inflação, de 4,5% ao ano, deve voltar a ser perseguido, o que implica, no curto prazo, na adoção de uma taxa de juro real mais elevada.
A solução é amarga e especialmente difícil de ser implementada num contexto pré-eleitoral, sobretudo a revisão da atual política fiscal. No entanto, o não enfrentamento das dificuldades pode ter um preço alto, entre os quais reavivar teses reacionárias que culpam, de forma equivocada, a política de distribuição da renda pelo baixo crescimento. A esperança é que Dilma ainda em 2014 olhe para o exemplo de Lula em 2003 e corrija os rumos da política econômica.
Em 2003, muitos analistas ficaram surpresos com a adoção pelo novo governo do modelo de gestão da política econômica baseado no tripé meta de inflação, flutuação cambial e ajuste fiscal. Lula fez o certo ao manter praticamente intacto o modelo de gestão herdado de Fernando Henrique. Ganhou credibilidade do mercado e reduziu as incertezas na economia, ingredientes fundamentais, em conjunto com o ótimo ambiente externo, para a geração do ciclo de crescimento com estabilidade entre 2004 e 2008.
Em 2009, no contexto da crise financeira global, o governo implementou, assim como a maioria dos países, uma política macroeconômica anticíclica tipicamente keynesiana. A queda na taxa de juros e a redução do superávit primário do setor público foram fundamentais, em conjunto com as políticas conduzidas pelo Banco Central no interbancário, para manter o nível de demanda e de emprego, reduzindo os impactos da crise sobre a economia brasileira.
A recuperação de 2010 é a evidência dos acertos do Ministério da Fazenda e do Banco Central na condução da economia no contexto da crise, mas é justamente neste contexto de sucesso que deu-se o nascimento dos principais erros da gestão da política econômica recente. O governo brasileiro simplesmente vem mantendo nos últimos anos o mesmo padrão de gastos utilizado no contexto da crise financeira, ou seja, vem praticando uma política anticíclica num contexto de normalidade.
Aqueles que realmente leram Keynes, o pai da política anticíclica, sabem que seu uso deve ser limitado aos períodos de crise e que nos momentos de normalidade o superávit fiscal deve ser ampliado. A condução recente da política fiscal não pode ser classificada como ortodoxa ou keynesiana; trata-se simplesmente de uma irresponsabilidade. Ao mesmo tempo, o Banco Central demonstrou-se mais tolerante com a inflação, já que de fato desistiu de perseguir o centro da meta e passou a contentar-se em atingir o teto de 6,5% ao ano, o que na prática se traduziu numa elevação das expectativas de inflação, sem efeitos sobre o crescimento.
A falta de clareza na condução da política econômica e a adoção de intervencionismos inexplicáveis, tais como a política de maquiagem do preço da gasolina pela Petrobras, são fatores que ajudam a entender a rápida deterioração no estado de confiança e os baixos níveis de investimento produtivo, elementos centrais para entender o reduzido crescimento econômico dos últimos anos.
A solução para o impasse, ao contrário do que pensam alguns analistas, é reforçar o tripé da política macroeconômica vigente entre 1999 e 2008. O superávit primário precisa voltar a flutuar entre 4% e 5% do PIB e o centro da meta de inflação, de 4,5% ao ano, deve voltar a ser perseguido, o que implica, no curto prazo, na adoção de uma taxa de juro real mais elevada.
A solução é amarga e especialmente difícil de ser implementada num contexto pré-eleitoral, sobretudo a revisão da atual política fiscal. No entanto, o não enfrentamento das dificuldades pode ter um preço alto, entre os quais reavivar teses reacionárias que culpam, de forma equivocada, a política de distribuição da renda pelo baixo crescimento. A esperança é que Dilma ainda em 2014 olhe para o exemplo de Lula em 2003 e corrija os rumos da política econômica.
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