quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Lula nunca foi trabalhista nem esquerdista


Sergio Oliveira
Lula, em 21 de setembro de 1977, numa entrevista à revista Isto É: “Não temos compromisso com ninguém, com esquerda, direita ou centro. Só com a classe trabalhadora. No passado, a classe trabalhadora foi usada pelo Partido Trabalhista Brasileiro, e farei de tudo para evitar que seja novamente usada”.
Nove anos depois:“Eu nunca fui um esquerdista”, declarou Lula numa entrevista à Agência Reuters, em 14.07.2006.
No início dos anos 80, alguns deputados da esquerda do MDB articularam uma visita de Brizola a Lula, lá no Sindicato. Segundo Cibilis Viana, que participou da visita, Lula deixou Brizola chocado e muito amargurado. Ao recebê-lo em sua sala, o presidente do Sindicato sequer levantou-se da cadeira para abraçá-lo. Aquilo já foi uma ducha de água fria.
Lula recebeu-o secamente e, para azedar o encontro, passou a desancar o antigo sindicalismo, que era controlado por pelegos do PTB, segundo ele. A coisa ficou feia quando ele, que já devia ter tomado alguma, começou a falar mal do presidente Vargas, ensejando um bate-boca que só não foi mais inflamado devido a providencial intervenção da turma do deixa disso. Mas nessa hora, o líder trabalhista interrompeu a conversa e foi embora sem maiores formalidades.
CONTRA A CLT
Lula dizia que a CLT era o AI-5 dos trabalhadores e que Getúlio Vargas os tinha ferrado.
Dois parágrafos da Carta de Princípios do PT, de 01.05.1979, detonam o trabalhismo:
“Cientes disso também é que setores das classes dominantes se apressam a sair a campo com suas propostas de PTB. Mas essas propostas demagógicas já não conseguem iludir os trabalhadores, que, nem de longe, se sensibilizaram com elas. Esse fato comprova que os trabalhadores brasileiros estão cansados das velhas fórmulas políticas elaboradas para eles. Agora, chegou a vez de o trabalhador formular e construir ele próprio seu país e seu futuro. Nós, dirigentes sindicais, não pretendemos ser donos do PT, mesmo porque acreditamos sinceramente existir, entre os trabalhadores, militantes de base mais capacitados e devotados, a quem caberá a tarefa de construir e liderar nosso partido. Estamos apenas procurando usar nossa autoridade moral e política para tentar abrir um caminho próprio para o conjunto dos trabalhadores. Temos a consciência de que, nesse papel, neste momento, somos insubstituíveis, e somente em vista disso é que nós reivindicamos o papel de lançadores do PT.
As tentativas de reviver o velho PTB de Vargas, ainda que, hoje, sejam anunciadas sem erros do passado ou de baixo para cima, não passam de propostas de arregimentação dos trabalhadores para defesa de interesses de setores do empresariado nacional. Se o empresariado nacional quer construir seu próprio partido político, apelando para sua própria clientela, nada temos a opor, porém denunciamos suas tentativas de iludir os trabalhadores brasileiros com seus rótulos e apelos demagógicos e de querer transformá-los em massa de manobra para seus objetivos.”
Na época Brizola ainda não tinha perdido a sigla do PTB e estava tentando reorganizá-lo.
Numa entrevista ao jornal O Globo, 13 de fevereiro, creio, de 2004, Lula declarou, sobre as reformas trabalhista e sindical, entre outras opiniões:
“Não é possível continuar com uma lei da década de 40. Quando eu comecei a lutar no sindicalismo, em 1972, eu já lutava contra a CLT. Tem que flexibilizar.”
Como diz a canção popular, recordar é viver.

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