Newton Campos, Estadão
Convenhamos, a educação profissional ou tecnológica não difere muito da educação superior. Nem no Brasil nem aqui na Europa. Tive a oportunidade de passar por ambas as experiências e adorei a formação tecnológica (na época o título chamava-se “Tecnólogo em Processamento de Dados” e o fiz junto com então chamado segundo grau). Foi uma formação não só divertida e estimulante intelectualmente, mas também útil para toda a minha vida.
Convenhamos, a educação profissional ou tecnológica não difere muito da educação superior. Nem no Brasil nem aqui na Europa. Tive a oportunidade de passar por ambas as experiências e adorei a formação tecnológica (na época o título chamava-se “Tecnólogo em Processamento de Dados” e o fiz junto com então chamado segundo grau). Foi uma formação não só divertida e estimulante intelectualmente, mas também útil para toda a minha vida.
Porém, inexplicavelmente – acho que por alguma inércia cultural – as pessoas e as organizações, tanto públicas como privadas, ainda tendem a dar mais valor para um curso superior do que para um curso profissional ou tecnológico. Isso está errado.
Aqui na Espanha e em Portugal acontece o que não queremos que aconteça no Brasil ou na Angola dos próximos anos: milhares de advogados, engenheiros e médicos “orgulhosos” de seus títulos que não servem para muita coisa. Estão desempregados ou sub-empregados. Ao mesmo tempo, faltam programadores de computador, eletricistas ou operadores de máquinas agrícolas (que em muitos casos já ganham mais do que os primeiros).
Por definição, a educação profissional ou tecnológica tende a ser muito mais prática, e voltada para o uso no curto prazo, em atividades do dia-a-dia. A educação superior, por outro lado, tende a encher-nos de teorias frequentemente inaplicáveis, que você talvez encontre utilidade depois de muitos anos de prática profissional (quando na verdade você até já esqueceu o aprendido na faculdade).
Mas o mais importante é saber que um país inteiro pode realmente ser reinventado através da educação profissional e tecnológica.
Na semana passada conheci um diplomata suíço de férias aqui em Madri e conversamos muito sobre este assunto. Nunca vi tanto orgulho sobre um sistema de formação profissional. Na Suíça, assim como na Alemanha ou nos países escandinavos, a maioria da população escolhe o ensino profissional como primeira opção de formação após o ensino médio. E ninguém se sente diminuído por isso. Pelo contrário, sabemos que estes países contam com um grande capital humano para o desenvolvimento de novos materiais, maquinária industrial ou novos processos produtivos. A inovação chega constantemente da base produtiva e não de universidades ou centros de pesquisa muitas vezes desvinculados da realidade.
Nesta última segunda-feira terminaram as inscrições para o programa brasileiro SiSUTEC (Sistema de Seleção da Educação Profissional e Tecnológica). Li artigos comentando sobre a falta de importância que o governo dá aos cursos profissionalizantes. Pode ser, mas acho que somos nós cidadãos quem devemos dar mais valor aos professores e alunos que optam por ensinar e aprender em cursos educação profissional ou tecnológica.
Junto aos cursos oferecidos pelas entidades do chamado “Sistema S” (SESI, SESC, SENAC e SENAI) podemos dizer que o Brasil tem potencial para tornar-se referência em educação profissional e tecnológica.
Mas temos que fazer nossa parte, prestigiar e estimular estes canais de formação em nossas famílias e em nossas empresas.
Você é jovem? Pois pense muito seriamente na educação profissional ou tecnológica para os primeiros anos de sua carreira. Você não se arrependerá
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