domingo, 25 de agosto de 2013

É o turismo saúde


24 de agosto de 2013 | 17h00
Celso Ming

São Paulo nunca foi balneário nem estação de águas. E, no entanto, começa a se notabilizar como o maior destino para tratamento de saúde no Brasil.
É uma qualidade que começou a aparecer em 1986, quando da doença do então presidente eleito, Tancredo Neves. Na ocasião, foi repetida a frase de que o melhor hospital de Brasília é a ponte aérea para São Paulo.
São cerca de 340 mil visitantes por ano que desembarcam na cidade para se submeter a análises clínicas e procedimentos médicos ou para acompanhar quem vem para tratamento.
A São Paulo Turismo (SPTuris, que atua como Secretaria Municipal de Turismo) calcula que, apenas no primeiro semestre deste ano, esse universo cresceu 63% a partir das 237 mil viagens motivadas por tratamento de saúde no mesmo período de 2012.
São Paulo é o maior polo médico do Brasil, com cerca de 25 mil leitos distribuídos em 105 hospitais, entre públicos e privados. Entre esses, 32 instituições ostentam certificados internacionais de qualidade. A procura cada vez maior de serviços de saúde por brasileiros de outras cidades e por estrangeiros da América Latina é o principal incentivo para investimentos destinados à ampliação e construção de unidades hospitalares.
Dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde, de 2006, indicam que a infraestrutura do chamado turismo de saúde no mundo fatura cerca de US$ 60 bilhões por ano. O Brasil ainda não passa de US$ 1,2 bilhão, calcula a organização especializada Patients Beyond Borders. Em São Paulo, o segmento correspondeu a 1,9% dos visitantes em 2012.
A SPTuris dá conta de que as principais motivações das visitas a São Paulo continuam sendo negócios (51%) e eventos (25,4%), seguidos por lazer (10,5%). Para o presidente do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), Toni de Sando, embora outros segmentos venham se destacando, São Paulo permanece sendo um destino proeminentemente corporativo. “Esse foco não mudará, a diferença é que temos uma integração cada vez maior com outros setores, o que leva o visitante a permanecer mais tempo usufruindo outros serviços da cidade ”, diz.
O levantamento da SPTuris confirma a tendência. No primeiro semestre deste ano sobre igual período em 2012, a permanência dos turistas em São Paulo passou de 2,7 para 3,4 dias e seus gastos foram de R$ 1.354,46 para R$ 1.745,96.
O São Paulo Convention & Visitors Bureau estima que o turismo de negócios movimente R$ 9 bilhões por ano em São Paulo, com média de 90 mil eventos. “Em alguns picos temos dificuldades de agenda. Se tivéssemos uma oferta maior de espaços para eventos e hotéis, seríamos mais competitivos”, afirma o presidente do SPCVB.
Os investimentos, no entanto, esbarram na dificuldade de financiamento e no alto custo de terrenos para novas construções. Para o especialista Ricardo Mader, da consultoria Jones Lang LaSalle, o setor hoteleiro passa por um período de estagnação, sem previsão de ampliação nos próximos três anos. Não deixa de ser um limitador para o turismo de saúde, que não precisa só de hospitais. / COLABOROU DANIELLE VILLELA
CONFIRA:
Aí está a evolução da entrada líquida de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) nos últimos sete meses.
Inversão de tendência? Um dos quase axiomas a que chegaram os especialistas em câmbio é o de que um banco central pode atuar contra uma tendência firme do câmbio, mas é incapaz de invertê-la.
Vai segurar? É mais uma dúvida sobre a capacidade da atual estratégia de câmbio de conseguir segurar um teto para a cotação do dólar, especialmente quando as grandes distorções da economia não são atacadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário