segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O frevo!, por Téta Barbosa



Se você acha que dobradiça é para colocar em porta e que tesoura só se acha na caixinha de costura, você precisa conhecer melhor os passos do frevo. É um sobe e desce, pula daqui, pula dali, que ele só poderia mesmo ter sido inspirado na palavra ferver.
Parece mesmo que o chão está fervendo (e se for na Av. Guararapes, às 11 da manhã, é possível que o asfalto ferva, de fato) e que os passistas estão pinoteando porque esqueceram as alpargatas e não conseguem pisar no chão quente.
O fato é que desta vez o frevo pulou tão alto que foi parar em Paris, mais precisamente na cerimônia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Pois foi lá, que o frevo ferveu de vez e foi considerado Patrimônio Imaterial da Humanidade. Ou seja, ele agora ferve em francês, inglês, espanhol, javanês ou qualquer outra língua porque é reconhecido mundialmente.
O reconhecimento aconteceu na 7ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. E pela pompa do título, parece que o negócio é importante mesmo!
A declaração chegou em boa hora porque aqui já é Carnaval. Claro que ainda tem umjingle bell aqui e um feliz ano novo acolá, mas a contagem regressiva é mesmo para a festa de Momo.
Então, meu senhor, vá preparando a fantasia e os 50 tons de confetes porque agora a dança é internacional. Compre logo sua sombrinha, que por aqui não serve para evitar a chuva, mas para dar equilíbrio na hora da dança e vamos à primeira aula dos passos do frevo:
Dobradiça: corpo apoiado nos calcanhares, que devem estar bem aproximados um do outro, pernas distendidas, o corpo jogado para frente e para trás, com a sombrinha na mão direita.
Tesoura: Passo cruzado com pequenos deslocamentos à direita e à esquerda.
Parafuso: Total flexão das pernas. O corpo fica, inicialmente, apoiado em um só pé virado, ou seja, a parte de cima do pé fica no chão, enquanto o outro pé vira-se.
Isso na teoria, porque na prática, basta tocar Vassourinhas, o hino oficial do frevo pernambucano, que as pernas se mexem sozinhas e, quando você menos espera, o chão está fervendo e você está frevando.
Acredita não? Pois passe aqui, pelas redondezas da cidade dos Arrecifes, lá pelo início de Fevereiro, que eu mostro ao senhor.


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