sábado, 11 de agosto de 2012

Idosa acusa deputado de grilagem de terra

A comissão de delegados que investiga crimes de grilagem de terra no Maranhão está investigando a denúncia de uma família da comunidade da Pindoba, no município de Paço do Lumiar. Segundo a denúncia da família, o deputado estadual Raimundo Cutrim teria se apoderado de 68 hectares de terra – herança de família – utilizando documentos falsos.

A proprietária do terreno, Sinésia Isidora de Melo, 69 anos disse que a documentação foi toda falsificada no cartório do 1º Ofício Extrajudicial de São José de Ribamar, que na época tinha como responsável o atual secretário extraordinário de Assuntos Estratégicos do Governo do Estado, Alberto Franco.

Sinésia Isidora denuncia grilagem em suas terras
Segundo a idosa, Raimundo Cutrim teve apoio do delegado aposentado Sebastião Justino. “Sebastião Justino vinha muito na minha casa, era meu amigo e eu confiava nele”, afirma a aposentada.

Ainda segundo a aposentada, para passar o terreno para o seu nome, o deputado Raimundo Cutrim teria utilizado uma procuração falsa. A procuração foi outorgada no mês de julho do ano 2000 por Antonio Claudino da Silva. “Antonio Claudino morreu em 1997 e a procuração foi assinada em 2000”, afirma Sinésia de Melo.

O corretor de imóveis, Sebastião Cardoso Filho, que é procurador família Melo garante que o cartório sabia da fraude. “O cartório sabia de tudo porque quando Cutrim veio falar comigo, que queria a escritura definitiva do terreno para poder aprovar um projeto, para receber um financiamento pra poder pagar os herdeiros e a minha comissão, eu disse pra ele que era impossível porque tinha que primeiro fazer o inventário. Ele disse que pra eu não me preocupar que ele dava um jeito. Ele me disse que tinha um amigo que ia fazer a escritura e que só era preciso eu comparecer no cartório para assinar a documentação”, afirmou o corretor.

O documento que autorizou a venda da terra, segundo o corretor, foi assinado em um restaurante da cidade de São José de Ribamar. “Foi assinado no restaurante Mar e Sol. Estavam lá o deputado Cutrim e o senhor Alberto Franco. Uma pessoa do cartório foi lá no restaurante levar o livro para eu assinar”, concluiu Sebastião Cardoso.

O deputado Raimundo Cutrim ia prestar depoimento nesta sexta-feira (10), à Comissão de Delegados que investiga crimes de grilagem de terra no Maranhão. O depoimento estava marcado para ser realizado na Assembleia Legislativa, mas foi adiado para a próxima semana a pedido de um dos delegados da comissão.

Quem, também, vai ser chamado para dar explicações a polícia é o secretário de Assuntos Estratégicos e ex-deputado estadual, Alberto. Segundo informações da polícia, Alberto Franco era responsável pelo cartório em São José de Ribamar onde várias escrituras de terras foram legalizadas.

A assessoria do deputado estadual Raimundo Cutrim foi procurada, mas não atendeu às ligações. Em nota, o secretário extraordinário de Assuntos Estratégicos do Governo do Estado, Alberto Franco, informou que está à disposição da comissão de delegados que investiga a grilagem de terras. O secretário rechaçou as denúncias e disse que se algum crime foi praticado, o cartório em que ele trabalhava também teria sido vítima dos falsários. Já o delegado aposentado, Sebastião Justino, informou que apenas apresentou o deputado Raimundo Cutrim ao procurador da família. Ele nega ter facilitado a grilagem de terras na área ou qualquer outro crime praticado.

A comissão que investiga os casos de grilagem de terras no Maranhão foi formada após o assassinato do empresário Marggion Andrade. O crime ocorreu em outubro do ano passado.

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