quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

CRÔNICA Cartas de Paris: O fim do mundo que não aconteceu



Depois de enviar meu post da semana passada lembrei que não tinha me despedido de vocês caso a profecia Maia se concretizasse e o mundo acabasse. Se vocês estão lendo este texto é porque ele não acabou e continuamos todos aqui esperando a chegada dos próximos arautos do apocalipse.
Na França, toda esta história de fim de mundo teve muita repercussão. Não se sabe bem ao certo porque, mas em janeiro de 2011 alguém relacionou as previsões do calendário Maia a uma pequena cidade francesa chamadaBugarach (foto abaixo)
Segundo rumores ou estudos extremamente sérios, o local sairia são e salvo da hecatombe prevista pela tão avançada civilização indígena.
Em pouco tempo a cidade foi tomada por forasteiros de todos os lugares do mundo. Temendo suicídios coletivos e outras maluquices o prefeito reforçou a segurança da aldeia de pouco mais de 200 habitantes, que às vésperas do dito evento chegou a receber mais de 250 jornalistas.


A televisão francesa fez programas especiais sobre o assunto que também virou conversa de bar.
Durante a última semana, era comum ouvir um “até a semana que vem, se o mundo não acabar...”, e todos os encontros faziam referência ao evento cabalístico, “happy hour fim de mundo”, “celebremos o inverno, meu aniversário e o fim do mundo (ou não?)”, “Jantar lá em casa, porque talvez seja o último”.
A sociedade ficou totalmente contaminada pelo clima apocalíptico. Um colega disse que tinha muitas coisas para organizar antes do fim do mundo, por isso não poderia participar da festa de fim de ano da redação (reconheço que nunca ouvi desculpa mais esfarrapada e criativa), meu marido disse que tinha decidido jogar na loteria, o que indicava que ele não estava disposto a mudar seus hábitos, já que faz isso cada semana, e minha sogra ligou para se despedir, afinal “on ne sait jamais”.
Eu, pessoalmente, apesar de não acreditar na profecia, gastei todo meu último salário do ano em compras de Natal, como se não houvesse amanhã.
O mundo finalmente não acabou, para alívio ou desespero dos que acreditaram. Se você refletiu sobre o que gostaria de fazer nos últimos dias de sua existência, o ideal é colocar tudo isso em prática em 2013.
E eu aproveito este último post do ano de 2012, que foi tão rápido e intenso (o ano, não o post) para desejar a todos um ótimo começo de ano e agradecer pela companhia.
E agora posso dizer com (quase) certeza absoluta: nos vemos no ano que vem.

Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV. Ela estará aqui conosco todas as quintas-feiras.

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