02/11/2012
Plínio Zabeu
A eleição mostrou o que realmente era esperado. Existem, como sempre, a parte do povo que sabe votar e outra que vota por ser obrigado ou então para atender pedidos de políticos e amigos. Aconteceram mudanças em todo o país. Mas o que mais chamou a atenção foi o prestígio e o carisma do presidente Lula. O seu desejo maior era vencer em São Paulo para que o seu partido voltasse ao poder depois de 8 anos. Quem ganhou foi o presidente e não o Haddad. Pesquisa realizada no início do ano mostrou que 57% dos eleitores votariam em quem Lula mandasse, fosse que fosse. Até mesmo o Tiririca seria eleito. Uma pena ele não usar essas qualidades para o bem fazendo realmente as mudanças que o povo precisa e vem pedindo há tanto tempo. O governo dele teve momentos bons realmente, quando seguiu os princípios do seu antecessor. Mas errou quando não impediu a ação corrupta de companheiros e aconteceu o que ficou conhecido como mensalão.
O mensalão, apurado e comprovado em 2006 , só foi posto em julgamento em 2012 em tempo de pré eleição. Se tal fator contribuiu para os resultados obtidos um dia talvez, saberemos. A verdade é que a maior parte dos réus foi condenada.
Alguns já com penas definidas, entre eles o controlador financeiro com 40 anos de prisão e alguns milhões em multa. Seus companheiros de direção também foram condenados faltando a chamada “dosimetria”, ou seja, quantos anos cada um vai levar na prisão. Mas, como acontece sempre no Brasil fica meio difícil prever as esperadas conclusões. Uma aparente surpresa acontecerá com um dos condenados que é suplente de deputado federal. Como o titular foi eleito prefeito, ele assumirá a cadeira em janeiro próximo. E como fica a definição e o cumprimento da pena que lhe for imposta? E o tesoureiro que sempre disse que o mensalão acabaria em “piada de salão”, como será castigado? Mais algum tempo e certamente algumas “surpresas” ocorrerão e o povo terá que aceitar. Mas, o que realmente preocupa são as prometidas reações do partido que congrega os corruptos. Já prometem manifestações públicas de repúdio ao STF qualificando-o de praticar justiça política. A presidente já se manifestou. Orientou seus partidários a respeitarem a corte maior da Justiça. A não ser, disse ela, que pretendam incluir o presidente Lula na vergonhosa história. Ele não deve ser colocado como suspeito de maneira alguma. Se isso acontecer o governo federal usará toda sua força e poder contra. Vamos esperar para ver.
A corrupção, que deveria ser combatida como os próceres petistas prometeram durante décadas e que não cumpriu quando assumiu o governo, parece que vai continuar. Terminado o período eleitoral a CPI do Cachoeira deveria ser recomeçada com prazo suficiente para conclusão. E um prazo longo de pelo menos mais 6 meses. Mas a “equipe” governamental no congresso já se posicionou contra fazendo com que o processo investigatório termine em 40 dias. E isso tem uma explicação já conhecida, mas que vale lembrar. A CPI foi criada por determinação de Lula que queria se vingar do governador goiano. Mas, com o início do processo ficou sabendo que seus companheiros do Distrito Federal e do Rio de Janeiro estavam também comprometidos. E aí veio a reação. Mais alguma coisa que vai acontecer para fortalecer a prática corrupta. Vamos esperar.
E o apagão? Estranho o ocorrido já que recentemente a presidente Dilma se manifestou em depoimento público que apagão era característica do governo FHC. Como isso aconteceu? Vamos aguardar melhores explicações.
Para concluir vale levar em conta a reação – um tanto tardia, mas com direito – do Valério, que depondo no Ministério Público Federal, já condenado e procurando diminuição da pena, decidiu finalmente falar ao menos um pouco do que sabe. E começou citando Lula, Palocci e Celso Daniel. Se isso for levado adiante e com seriedade, o denunciante vai correr risco de vida e, quem sabe, teremos finalmente uma mudança para melhor no sistema político brasileiros. A começar por conhecermos finalmente, os motivos do assassinato do prefeito de Santo André. Vamos continuar esperando.
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