Carlos Newton
No processo do mensalão, o publicitário Marcos Valério não tem mais possibilidade de ser beneficiado, porque só pode haver delação premiada antes do julgamento. Isso é óbvio, caso contrário nenhum criminoso pediria esse benefício durante o inquérito, simplesmente esperaria o julgamento e, se fosse condenado, aí sim solicitaria a delação premiada.
“Não pode haver delação premiada com o processo finalizado”, diz o presidente da Associação Nacional de Procuradores da República, Alexandre Camanho, que está participando de um evento num resort de Porto de Galinhas (PE), o 29º Encontro Nacional de Procuradores da República.
E o procurador-geral Roberto Gurgel acrescenta: “A partir do momento em que o julgamento se iniciou, não seria possível falar em delação premiada, porque ela vem apenas até a fase de conclusão, finalização da instrução criminal, que se encerrou, na verdade, no início do ano passado”.
Como sabe, em setembro Marcos Valério marcou espontaneamente uma audiência com o procurador-geral e fez novos relatos sobre o caso, que incluem menções ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ex-ministro Antonio Palocci.
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O QUE PODE ACONTECER
O QUE PODE ACONTECER
Com o novo depoimento de Valério, agora a Procuradoria Geral da República está analisando se abre ou não novo processo para investigar a veracidade dos dados. A revista Veja, que tem acesso privilegiado a Valério, está publicando em capítulos o teor do novo depoimento dele. No número que está nas bancas, a revista diz que Lula e Gilberto Carvalho estavam sendo chantageados em função da morte do prefeito petista Celso Daniel, de Santo André, marido do atual ministra Miriam Belchior. Carvalho era secretário de governo em Santo André.
É possível, portanto, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda venha a ser julgado pelo mensalão, caso haja fortes evidências de que ele era o mandante do esquema de compra de votos, já que não há dúvidas de que era o principal beneficiário.
O que muitos esquecem é o importante processo em andamento na Justiça Federal, em que Lula é acusado de favorecimento ao Banco BMG, um dos participantes do esquema do mensalão. Nesse caso, o depoimento de Marcos Valério poderá ser decisivo, embora já existam provas robustas contra Lula e o então ministro da Previdência, Amir Lando, que também está sendo processado junto com o ex-presidente.
Lula e Lando (parece dupla sertaneja) não perdem por esperar.
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