05/10/2012
O coeditor Magu escreveu o texto Socialismo/Comunismo em 24/09. Para continuar o assunto, extrai uma parte de uma aula dada por José Guilherme Merchior (foto) e que está em um de seus textos colocados à disposição do público. JGM, para quem não sabe, foi um dos maiores intelectuais produzidos nesse país e que, infelizmente, morreu muito jovem. Teria muito a contribuir para um país que se atira de braços abertos à mediocridade, à boçalidade, à incultura. Se Deus fosse brasileiro, teríamos o privilégio de contar com mais cabeças pensantes, mas, curiosamente, é a esquerda com seus devaneios que assume as rédeas do país. Como diria um amigo meu, fique sossegado, pois não há nenhum perigo de o país dar certo. Esse pequeno texto caracteriza a impossibilidade entre socialismo e democracia. A defesa, cada vez mais acirrada, dos petistas e esquerdistas em geral para censurar a mídia, reflete esse desejo de amordaçar a sociedade, tal como Fidel Castro o faz em Cuba. Penso que há uma doença difícil de ser curada na mente comunista. A realidade costuma ser cruel com a sua utopia e, principalmente, com os dissidentes em seus regimes. Com o comunista ao impedir que se extraia alguma coisa útil à população, a menos da igualdade na miséria, e aos dissidentes que acabam ou mortos ou nas masmorras.
SOCIALISMO E DEMOCRACIA -
O socialismo, em suas origens intelectuais, não era uma teoria política e sim uma teoria econômica. Mais precisamente, uma teoria que procurava reorganizar a sociedade industrial. Os primeiros ideólogos socialistas — os que Engels chamou de “socialistas utópicos” — simplesmente não cogitavam de instituições políticas.
O socialismo, em suas origens intelectuais, não era uma teoria política e sim uma teoria econômica. Mais precisamente, uma teoria que procurava reorganizar a sociedade industrial. Os primeiros ideólogos socialistas — os que Engels chamou de “socialistas utópicos” — simplesmente não cogitavam de instituições políticas.
O socialismo só se politizou com Marx, que fundiu a crítica do liberalismo econômico com a tradição revolucionária e igualitária do comunismo.
Marx nunca valorizou os direitos civis (de expressão, profissão, associação, etc.). Ao contrário, chegou mesmo a condená-los, vendo neles mero instrumento de exploração de classe. O socialismo marxista, e muito especialmente o praticado pelos regimes comunistas, sempre refletiu esse menosprezo pelos direitos civis.
Em Lenin, a indiferença de Marx para com a liberdade civil torna-se verdadeira hostilidade aos direitos civis e políticos. Hoje, ninguém mais duvida de que nos regimes comunistas, ninguém consegue, ou tenta, tornar compatíveis socialismo e democracia.
Para tornar compatíveis socialismo e democracia, o socialismo precisa renunciar ao dirigismo econômico, à dominação de toda economia pelo Estado. Isso foi o que fez a social-democracia, desde suas primeiras experiências na Escandinávia. Compreenderam que o dirigismo político provoca ineficiência e despotismo, já que concentra todas as grandes decisões econômicas nas mãos dos que já tem o comando político. Essa autonomia na esfera socialista nunca foi admitida pelos marxistas, embora Trotsky tenha observado que, após o crescimento industrial, a qualidade da produção está fora do alcance do controle burocrático da economia.
Marx nunca valorizou os direitos civis (de expressão, profissão, associação, etc.). Ao contrário, chegou mesmo a condená-los, vendo neles mero instrumento de exploração de classe. O socialismo marxista, e muito especialmente o praticado pelos regimes comunistas, sempre refletiu esse menosprezo pelos direitos civis.
Em Lenin, a indiferença de Marx para com a liberdade civil torna-se verdadeira hostilidade aos direitos civis e políticos. Hoje, ninguém mais duvida de que nos regimes comunistas, ninguém consegue, ou tenta, tornar compatíveis socialismo e democracia.
Para tornar compatíveis socialismo e democracia, o socialismo precisa renunciar ao dirigismo econômico, à dominação de toda economia pelo Estado. Isso foi o que fez a social-democracia, desde suas primeiras experiências na Escandinávia. Compreenderam que o dirigismo político provoca ineficiência e despotismo, já que concentra todas as grandes decisões econômicas nas mãos dos que já tem o comando político. Essa autonomia na esfera socialista nunca foi admitida pelos marxistas, embora Trotsky tenha observado que, após o crescimento industrial, a qualidade da produção está fora do alcance do controle burocrático da economia.
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