Édouard Vuillard (Cuiseaux, 11 de novembro de 1868 - La Baule-Escoublac, 21 de junho de 1940) foi um ilustrador e pintor do grupo Les Nabis.
A obra de sua autoria que escolhi é uma síntese perfeita de todas as teorias dos Nabis. Vuillard pintou muitas cenas de família e retratos por encomenda, mas aqui retrata uma de suas modelos como uma mulher à espera de quem foi visitar.
A manhã está calma, como acentuam as cores escolhidas: o tom acinzentado das paredes põe em destaque o ouro pálido da moldura do espelho e o marfim da lareira, onde a luz do fogo aceso que ilumina a peça contrasta vivamente com o negro do casaco da moça e com seu chapéu amarelo claro. Outra vez, “a simplificação da forma e a exaltação da cor”.
O objetivo dos Nabis era, repito, procurar a beleza também fora da natureza. Estavam interessados em descobrir a beleza em tudo, em qualquer objeto, por mais comum que fosse, nele sentiriam a sensação do mistério e maravilha que pensavam haver em todas as coisas.
Resolveram que seu propósito seria integrar a arte em todas as instâncias da vida e criaram papeis de parede, tecidos, tapetes, vidros pintados, vitrais, móveis, biombos e cenários para peças, unindo a visão artística ao ofício de criar objetos do dia a dia.
O grupo costumava se reunir para jantares a intervalos regulares, e geralmente esses encontros se davam no café “l’Os à Moëlle” e, mais tarde terminavam no apartamento de um pintor amigo deles, Paul Ranson, em Montmartre. Costumavam levar obras recentemente feitas para discuti-las com os outros, liam em voz alta poemas de Mallarmé, Maeterlinck e Baudelaire.
No início dos jantares, um dos iniciados, o que naquele dia estivesse representando a figura do presidente dos Nabis, ergueria um objeto que se assemelhava ao bastão de um bispo e entoaria: “Sons, cores e palavras têm o expressivo e milagroso poder de ir além de toda representação e ultrapassar o sentido literal das palavras”. Paul Gauguin, que muito influenciou o pensamento dos Nabis, às vezes comparecia às reuniões.
A união do grupo não resistiu a mais do que seis anos, de 1890 a 1896, mas muitos deles continuaram amigos pelo resto de suas vidas.
A Visitante é óleo em papel sobre tela, 59.5 x 51cm
Acervo Fundação E. G. Bührle, Zurique
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