Carlos Chagas
Pretender ganhar todas é próprio dos soberbos ou dos malandros. Parece aquela história do turfista que vai ao jóquei e aposta em todos os cavalos de um mesmo páreo. Não vai perder, mas também não ganha nada.
Com todo o respeito, foi mais ou menos esse o comportamento dos institutos de pesquisa, nas eleições para prefeito de São Paulo. Ainda no sábado, um deles apresentou números distintos para a mesma disputa. Serra teria 24, Russomano 23 e Haddad 20. Só que o mesmo instituto acrescentou outros percentuais: computados apenas os votos válidos, Serra teria 28, Russomano 27 e Haddad 24.
Qual a previsão verdadeira? Se uns votos eram válidos outros seriam inválidos? A conclusão foi de que qualquer um poderia ganhar, ainda mais com essa mistificação da “margem de erro”, quer dizer, dois para cima, dois para baixo, até três, numa evidente tentativa de demonstrar que acertaram de todo jeito, apesar de os números não baterem.
Outra empresa de consulta eleitoral preferiu caminho diverso mas nem por isso menos confuso: os três candidatos teriam 22 por cento. Ou 26, no caso dos votos válidos.
É claro que certas eleições embolam mesmo os preferidos. Faz parte do fascínio da democracia ficar muitas vezes sem conhecer ao certo a vontade do eleitor, até que ela se manifeste. Assim, melhor apostar em todos, prática adotada pelos institutos na capital paulista. Hoje, estarão dizendo que acertaram, que previram o vendedor afinal saído das urnas. Explica-se, porque apostaram em todos, além de as pesquisas custarem caro, em boa parte pagas, sendo preciso programar as próximas eleições.
Emerge de ontem a instabilidade das pesquisas. A insegurança de institutos. No caso de fracassos sempre estarão prontos para demonstrar que quem mudou foi o eleitor. Será? Ou não estariam os paulistanos, em grande maioria, há semanas já sabendo em quem votar? Botar a culpa em metodologias diferentes é brincadeira. Ou a única pergunta a ser feita não seria mesmo a mais simples: “Em quem o amigo vai votar?”
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ENSAIO GERAL?
ENSAIO GERAL?
Discute-se a influência das eleições de ontem na disputa de 2014. Dizem os caciques partidários, prevenindo-se contra más performances nos embates municipais, que alhos nada têm a ver com bugalhos. Que o eleitor votou em função de questões paroquiais e que a sucessão presidencial marcada para daqui a dois anos envolverá essencialmente candidatos voltados para temas nacionais.
Pode não ser bem assim, na medida em que ficarmos sabendo da performance dos partidos. O PMDB está elegendo o maior número de prefeituras do interior, ainda que o PT não fique muito atrás. Surpreende o PSB com prefeituras de capitais, mais os pequenos partidos, sem esquecer o PSDB.
Tudo indica que Dilma Rousseff pleiteará a reeleição, pelos companheiros, surgindo Aécio Neves como contraponto, pelos tucanos. Aparece, porem, um arremedo de terceira via, com Eduardo Campos pelos socialistas, mas de olho no PMDB.
O ainda maior partido nacional poderá servir de fiel da balança, com muito maiores chances de continuar fazendo dobradinha com Dilma Rousseff através do vice-presidente Michel Temer. Mas se surgirem obstáculos, o governador de Pernambuco estará de olho. Nessa equação partidária, haverá lugar para o coringa Joaquim Barbosa? Há quem julgue possível, por meio de uma pequena legenda. Caso ele não dê um imediato basta a tais especulações.
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