domingo, 2 de setembro de 2012

…SEMPRE JUSTIFICAR



Walter Marquart
Sim! Quando erro, sempre fico devendo. “O que fizemos por nós mesmos morre conosco. O que fizermos pelos outros e pelo mundo permanece e é imortal” (Albert Pike)
Não repetirei palavras àqueles que até adivinham o meu pensamento; confesso que preciso ler mais, estudar mais, refletir mais ainda E ERRAR MENOS. Fui aconselhado a sossegar o pito, porque em um texto passado liguei o nome de JK ao sucateamento das Estradas de Ferro. Fui pesquisar e outra vez a razão cabe ao Professor.
Reconheço, para que volte a reinar a paz, que releva erros, que não atingi a verdade absoluta. Fui injusto com JK, mais pelo voluntarismo que condena e determina que a construção de Brasília seja o maior dos seus erros. E o erro está se tornando mais gigantesco ainda, sem rédeas, cheio de ratazanas e não apresenta comportamento de quem queira mudar. A esperança, que havia sumido, recai nos ombros do STF (Supremo Tribunal Federal), que deverá condenar a impunidade ao fogo eterno, colocar limites no egoísmo sindicalista e saber que o Brasil é habitado por 195 milhões de pessoas, que não devem adorar a besta (Brasília).
A história das Estradas de Ferro no Brasil, motivo do merecido pito, consagrou patriotas, tão capazes quanto visionários;/ engenheiros criteriosos e falta de visão do futuro, que na época não divisava o crescimento que ocorreu e proporcionou a transformação do país. Mas foram (EF) as condutoras do progresso, comprovado por todos. Houve muitos erros? Sim! E também acertos.
A opção rodoviária, o sindicalismo forte e egoísta, estava levando-as à falência latente e muito próxima. A salvação veio com a Lei 3115, que JK sancionou em 1957; Ela encampava todas as Estradas de Ferro (exceção das paulistas) e o seu primeiro ato, expostos nos estatutos, não continham medidas saneadoras: os sindicalistas continuaram a exercer sua “atividade” predileta: greves reivindicatórias, para repartir até o que não existia no cofre. Igualmente à Vale do Rio Doce, CSN, Telefônicas e outras, a Rede Ferroviária Nacional vivia com o chapéu na mão, e o tesouro suprindo os caprichos e desejos da “moçada”.
Acredito que pela desesperança de reerguer o sistema ferroviário, o poder central não destinou mais recursos para o comprovado “saco sem fundos”. O empreguismo político disfuncional, aliado ao sindicalismo, naquela altura não criava nada, a atividade de abrir o cofre e não encontrar nada desmotivou até os ferroviários patriotas e o sucateamento foi indutor do crescente desperdício. O sucateamento foi inevitável, assim como seria inevitável, em 1957, a decretação da falência das companhias. O fato de terem criado uma enorme companhia estatal, com os mesmos vícios praticados até então, sem planos para a atualização do setor, que ficou à míngua, foi eleita a autofagia como a solução final. Não sei, mas até hoje ainda devem estar pipocando processos que a medida tomada em 1957 provocou; o erário público ficou encarregado do passivo. Aliás, este o mote que o plano escondeu, mas os prejuízos foram muito além do programado. E não foi por falta de diretores e presidentes, que ficavam em casa, porque não tinham nada a fazer pela RFN. Condenada à morte.
O socialismo de repartir os prejuízos, não indicar culpados e ainda ufanar-se de que se iguala a deus, também irrigou os procedimentos que sucatearam as EF. Elas, ao entregar a administração para políticos e substituir os seus administradores profissionais pela dupla empreguismo/sindicalismo, não provocou a criação de mais nada; passaram a dividir as receitas antes mesmo de elas existirem; obrigou o governo a abrir o cofre para fechar a conta provocada pelos “patriotas” ferroviários, completamente desmotivados, ficaram apenas esperando o total sucateamento. Para desgraça do país, ele se apresentou sem lenço e sem documento, mas com milhares de processos que o passivo escondia.
Algumas perguntas o Aurélio não contempla: O que levou Eurico Gaspar Dutra a desapropriar a malha ferroviária? Qual a justificativa que embalou JK, com a Lei 3115 de 1957, reunindo todas as EF em uma só companhia (Rede Ferroviária Federal S/A)? Os problemas foram se agigantando, as prioridades afastaram a opção ferroviária e o que restou foram dívidas, principalmente trabalhistas, que a burra oficial, pela Lei 3115 assumiu. A verdade é que toda verba que o governo transferia para a Rede Ferroviária, era imediatamente dilapidada, não destinavam nem centavos para melhorias ou soluções.
Qual foi o norte que os europeus, japoneses e chineses assinalaram em suas bussolas ferroviárias? Terminada a 2ª guerra mundial, não esconderam com subterfúgios, as dificuldades que o atraso havia imposto ao setor. Sabiam que sem as ferrovias eles perderiam a competitividade e reduziriam a mobilidade urbana e a ligação entre as regiões. Buscaram, e conseguiram o “upgrade” que o setor necessitava: mais rapidez, mais comodidade e serviços “de 1º mundo”. No lugar de se enredarem com os fabricantes de caminhão, buscaram a solução mais apropriada. E sem perda de tempo com o blá-blá-blá. Parabéns! Os gestores que faltava na RFN, estavam mais ativos do que nunca, naqueles países.
Está rodando um email, exibindo a fundação, seus lideres e o vertiginoso progresso de Belo Horizonte. O Brasil era, de fato, um misto de entusiasmo e honestidade;/ lealdade e transparência;/ patriotismo e bravura. Foram os tempos em que o berço esplêndido tinha que ser produzido, requeria muitas camisas molhadas;/ lideres exemplares e patriotas destemidos, guiados pela sabedoria e dignidade foram os pilares da nação. O exemplo de Belo Horizonte foi o mesmo de muitas outras regiões do país. Menos o Maranhão do Sarney, aquele mesmo que a partir de 1985 procurou impor ao país, a política ilusória de que os recursos caem do céu, são alcançados sem esforço;/ os hábitos nos quais Satanás se compraz;/ os costumes que deveriam viciar os cidadãos de todas as regiões do país, porque tudo deve ser benesse do erário. Sem ordem ou limite.
Não é justo nomear um culpado pelo desmonte do sistema ferroviário, que timidamente está sendo reerguido. “Os acertos são disputados por muitos, mas os erros foram provocados pelo vizinho”. Temos ferrovias iniciadas no governo Sarney, parece que nasceram com deficiências e nunca encontram a trilha;/ tivemos no período militar o exemplo do improviso, com a propalada Ferrovia do Aço. Era de barro e não resistiu.
Quem errou? Se houve erros foi do vizinho. Eurico Gaspar Dutra, GV, JK, JQ, JG, Militares e Sarney não aceitam nenhuma culpa. Sindicalistas, leis trabalhistas, falta de verba, fora das prioridades, também não sentem nenhuma culpa. Faltou foram os abnegados fundadores de Belo Horizonte, Caxias do Sul, Joinville, Uberlândia, Ribeirão Preto, São Paulo, Campinas… Faltou lideres como foi Evangelista de Souza.
Faltou administração responsável e gestores honestos e capacitados.
(1) Foto: A Baronesa, primeira locomotiva a circular no Brasil.

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